Portugal vai votar a favor na Lei europeia do Restauro da Natureza
16 de jun. de 2024, 19:26
— Lusa/AO Online
“Portugal
vai votar a favor na Lei do Restauro amanhã [segunda-feira] no Conselho
do Ambiente no Luxemburgo. É uma lei muito equilibrada, que foi muito
ponderada e muito trabalhada”, disse aos jornalistas Maria da Graça
Carvalho.A ministra, que participa na
segunda-feira no Luxemburgo no Conselho de Ministros do Ambiente e onde
vai ser votada a lei, esclareceu assim a posição de Portugal depois de
várias Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) e movimentos
de cidadãos terem avançado que a intenção era votar contra.Maria
da Graça Carvalho desconhece o motivo que levou as ONGA a pensar que
Portugal iria votar contra, manifestando-se até surpreendida, mas
considerou que poderá estar relacionado com o facto de “vários países
terem mudado de posição”.“Alguns dos
membros do Governo, que eram eurodeputados na altura, trabalharam muito
nesta lei. Traduzimos uma série de emendas que estão lá na versão final
da lei e introduzimos uma diversidade. A lei tem em atenção as
características de país para país, de região para região, as
características locais e as características das regiões
ultraperiféricas”, precisou.A ministra
frisou que os eurodeputados conseguiram introduzir estas alterações na
altura, o que tornou “a lei muito equilibrada”, pelo que Portugal só
podia votar agora a favor.“Os membros do Governo que foram eurodeputados votaram a favor da última versão desta lei”, ressalvou.A
Lei do Restauro da Natureza prevê que todos os países da UE sejam
obrigados a apresentar e adotar um Plano Nacional de Restauro, com
objetivos específicos, os quais terão que prever o restauro de, pelo
menos, 30% dos habitats terrestres, costeiros, marinhos e de água doce
em estado de conservação desfavorável até 2030, 60% até 2040 e 90% até
2050. Os Estados-membros da UE terão ainda de garantir que não ocorre uma deterioração significativa nas áreas sujeitas a restauro.Explicando
a importância desta lei para Portugal e para toda a UE, Maria da Graça
Carvalho afirmou que “incentiva e tem planos para o restauro da
natureza", seja dos solos, florestas e meio urbano.“Incentiva
a um maior número de árvores em meio urbano. Incentiva a recuperar os
rios e a remover as barreiras artificiais que não são necessárias e
obsoletas”, disse, referindo que tem também planos para “a proteção da
floresta e retirar a biomassa acumulada”.A
ministra frisou igualmente que a nova legislação vai permitir fazer “os
mapas das espécies, dos ecossistemas e dos habitats” e monitorizar os
indicadores escolhidos.“É uma lei de
proteção, de recuperação de solos e nunca uma lei contra a utilização de
solos. Vai recuperar áreas que estão degradadas e, portanto, tem que
ver aqui um investimento humano grande”, sublinhou.Segundo
a ministra, o Instituto da Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF)
terá um trabalho de liderança neste processo, que juntamente com a
Agência Portuguesa do Ambiente, responsáveis pelas cidades, comunidades
locais, sociedade civil, academia, com as ONGs vão desenhar as
estratégias do que é preciso fazer para recuperar os ecossistemas que
estão mais degradados, sejam rios, florestas, e solos.“Ter
mais diversidade e solos em boas condições e nunca o contrário. Esta é
uma lei que é benéfica para todos”, sustentou, lamentando que tenha
havido “muita desinformação” e “algum medo” de uma lei que classificou
de positiva.A proposta legislativa foi
aprovada, em Estrasburgo (França), a 27 de fevereiro, com 329 votos a
favor, 275 contra e 24 abstenções, depois de ter sido avançada em 22 de
junho de 2022, pela Comissão Europeia para responder às más condições em
que foram avaliados 80% dos habitats europeus, tanto terrestres como
marinhos.