Autor: LUSA/AO Online
"Vamos investir 15 milhões de euros até 2021 no Observatório do
Atlântico, que terá base nos Açores, criando um centro de conhecimento
com uma rede de partilha de dados. Queremos que a investigação ali
produzida se torne sistemática e de âmbito internacional", afirmou Ana
Paula Vitorino em declarações a jornalistas portugueses. Segundo a
ministra do Mar já há várias manifestações de interesse internacional
para participação no observatório, por exemplo do Canadá, da Noruega da
China e de países lusófonos. Ana Paula Vitorino adiantou que os 15
milhões de euros serão essencialmente gastos em equipamento para o
observatório, nomeadamente de processamento de dados, existindo já
recursos como navios e veículos submarinos operados remotamente. "Com
o Observatório do Atlântico, Portugal pretende disponibilizar uma
infraestrutura para promover a investigação do oceano profundo, para
gerar conhecimento sobre o que existe, mas também sobre os impactos que a
atividade humana poderá ter. E não se trata apenas de impactos
negativos, há que avaliar os impactos positivos, em termos de criação de
conhecimento por exemplo", disse a ministra do Mar. De acordo com
Ana Paula Vitorino, Portugal está particularmente interessado no
aproveitamento de recursos biológicos - como novos compostos uteis para a
medicina - "e para isso há um grande trabalho de investigação a fazer". A
participar numa conferência centrada no anúncio por países e
instituições de compromissos efetivos de proteção e utilização
sustentável dos oceanos, Ana Paula Vitorino, que fará na sexta-feira uma
comunicação ao plenário da Our Ocean 2017, reiterou hoje o objetivo de
Portugal de duplicar para 14%, até 2020, a área de zonas marinhas
protegidas. A ONU estabeleceu como objetivo global que até 2020 as
áreas marinhas protegidas representem 10% da superfície dos oceanos.
Atualmente estatutos de proteção aplicam-se a apenas 4% da superfície
oceânica e desses apenas cerca de 1% são efetivamente protegidos. Nos
compromissos de Portugal que Ana Paula Vitorino deverá anunciar na
sexta-feira no plenário da Our Ocean 2017, estarão, para além do
investimento no conhecimento do oceano profundo através do Observatório
do Atlântico, a publicação de regulamentação para a aplicação efetiva da
convenção internacional sobre águas de lastro, destinada ao controlo de
poluição e da introdução de espécies invasoras que viajem nos porões
dos navios. A ministra do Mar referiu que a recolha de resíduos de
águas de lastro, para depuração e reciclagem, já está a ser feita em
portos portugueses. "No porto de Lisboa o sistema já está em pleno
funcionamento e em Sines e Leixões os projetos já estão a ser
desenvolvidos". Ana Paula Vitorino adiantou que "para além da
questão da aplicação (da convenção), há a questão da fiscalização de
atividades potencialmente poluidoras", que é feita pelo Sistema Nacional
de Informação e Monitorização Ambiental em Espaço Marinho (Snimar) a
funcionar no IPMA. Em Malta, a ministra do Mar vai assumir o
compromisso de concluir o desenvolvimento do Snimar com um investimento
de um milhão de euros por ano, três milhões até 2020. A
conferência Our Ocean 2017, a quarta edição das conferências Our Ocean
lançadas em 2014 em Washington pelo então secretário de Estado
norte-americano John Kerry, reúne cerca de 1.000 participantes, em
representação de 61 países, com o objetivo de dar passos no sentido da
criação de um enquadramento global da governação e utilização
sustentável dos oceanos.