Portugal vai comprar cerca de 38 milhões de vacinas
Covid-19/Um ano em Portugal
1 de mar. de 2021, 12:29
— Lusa/AO Online
“Temos
neste momento em processo de contratação de qualquer coisa como 38
milhões de vacinas”, avançou Marta Temido em entrevista à agência Lusa, a
propósito de um ano sobre o aparecimento dos primeiros dois casos de
infeção pelo novo coronavírus em Portugal, a 02 de março de 2020.Um
número de vacinas é, referiu a ministra, “muito mais do que aquilo que
serão as necessidades para a vacinação integral da população portuguesa”
e que permite garantir apoio a outros países.“Se alguma coisa esta pandemia nos ensinou foi que só quando todos estiverem a salvo, cada um de nós estará a salvo”, afirmou.Relativamente
à proposta do coordenador do plano de vacinação contra a covid-19,
Gouveia e Melo, de adiar a toma da segunda dose da vacina para permitir
vacinar mais 200 mil pessoas até final de março, Marta Temido adiantou
que “essa alteração técnica está a ser desenhada e entrará em vigor tão
breve quanto sejam as novas vacinações”, dado que esta medida não atinge
quem foi vacinado e já tem a segunda administração marcada.
“Não é não tomar a segunda dose ou sequer ultrapassar” o intervalo
definido nos ensaios clínicos, é apenas uma questão de gestão de
quantidades e de poder “proteger mais pessoas, mais depressa, garantindo
que os objetivos” propostos são alcançados.
"A Direção Geral da Saúde, o infarmed e a 'task force' para a
vacinação analisaram a possibilidade de um maior espaçamento entre doses
e consideram que essa possibilidade é tecnicamente adequada mantendo as
recomendações daquilo que são as caraterísticas do medicamento", disse.
Desde 27 de dezembro, já foram
administradas mais de 860 mil doses de vacinas em Portugal. "Ter 70% da
população vacinada no final do verão continua a ser o objetivo", disse,
admitindo, contudo, ser “um objetivo ambicioso": “Sabemos que vamos ter
que acompanhar o processo com cuidado e com disponibilidade para
ajustamentos”.Quanto aos testes à
covid-19, afirmou que já foram realizados 8,1 milhões, o que coloca
Portugal entre “os países que mais testa na União Europeia”.A
estratégia de testagem mudou e todos os contactos fazem agora um teste,
independentemente do nível de risco, permitindo alargar o universo de
testados.Por outro lado, num cenário de
desconfinamento, como está a ser planeado, haverá “um momento prévio”
que envolverá uma testagem de pessoas que trabalham em “atividades mais
expostas”.“Não vamos andar a fazer testes
em dez milhões de portugueses de 15 em 15 dias. Não haveria testes, nem
meios humanos, nem meios financeiros e seria um desperdício”, mas haverá
uma aferição baseada em “critérios técnicos, critérios de
razoabilidade” baseados na evidência que já existe sobre outras
estratégias de testagem noutros países.O
que se pretende, explicou, é que antes do início de determinadas
atividades se garantam campanhas de rastreio e que setores da atividade
industrial, comercial, cultural possam ter a prática de testagem
interiorizada da mesma forma que se fazem, por exemplo, exames médicos
periódicos em termos de saúde ocupacional ou da saúde no trabalho.Também
em determinadas atividades da responsabilidade do Estado, como a
Educação, haverá testes no regresso à atividade presencial, que serão
depois feitos regularmente.A adesão social à testagem também “é absolutamente fundamental”.“Sabendo
nós que há muitas variantes a surgir o teste tem esse valor de em cada
momento perceber como é que está a transmissão e até detetar novas
variantes que possam ser mais agressivas”, vincou.Questionada
sobre o investimento feito em testes, a ministra afirmou: “muito”,
lembrando que o SNS já realizou milhões de testes que no início custavam
quase 100 euros cada um.“Foi uma despesa
significativa em termos de capacidade laboratorial do país”, disse,
sublinhando que só o SNS investiu cerca de oito milhões de euros na
melhoria dos seus laboratórios, não contando com reagentes, nem com os
recursos humanos.