Portugal transmitiu à China vontade de integrar grupo de países isentos de visto

22 de abr. de 2024, 12:04 — Lusa/AO Online

“Portugal sinalizou essa matéria, que gostaríamos muito de ser englobados no grupo de países” com a isenção, disse Pedro Reis à Lusa, em Macau, onde se encontra em representação de Portugal na 6.ª conferência ministerial do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, mais conhecido como Fórum de Macau.O Governo chinês alargou em março a política de isenção de vistos para estadias de até 15 dias a seis países europeus – Suíça, Irlanda, Hungria, Áustria, Bélgica e Luxemburgo –, depois de ter inicialmente adotado a mesma medida para Alemanha, Espanha, França, Itália e Países Baixos, no final do ano passado.A medida colocou Portugal entre os poucos países da Europa Ocidental cujos nacionais não beneficiam da isenção para entrar no território da segunda maior economia mundial.Pedro Reis notou que a questão foi referida durante a cimeira sino-lusófona, que arrancou no domingo e decorre até terça-feira na região semiautónoma chinesa.“Achamos um belíssimo instrumento, muito pragmático, muito ajustado à cadência da cooperação económica que se quer aqui promover. É preciso, hoje em dia, ser muito ágil nessa matéria. Ainda por cima quando vemos parceiros europeus com acesso a esse regimento. Portanto, sinalizámos pela positiva que já existam cerca de 10 países, em duas vagas, e seria interessante para nós podermos aceder a esse instrumento também”, disse. Sobre as razões que levaram Pequim a não incluir até agora Portugal, o ministro da Economia remeteu a resposta para a parte chinesa: “é uma pergunta mais para a China do que para Portugal”. "O dever institucional de Portugal é colocar como interessante [o acesso à isenção] e o nosso empenho em também termos acesso a esse instrumento", considerou.Em março, o embaixador português em Pequim, Paulo Nascimento, disse à Lusa “não entender” o critério que levou as autoridades chinesas a excluir Portugal.“Não acredito que haja aqui discriminação negativa, no sentido de dizer que a China está a fazer isso para sinalizar alguma coisa a Portugal, não acho que seja esse o caso”, afirmou.“Mas não consigo entender o critério”, disse.Por seu lado, o embaixador chinês em Lisboa, Zhao Bentang, previu que a inclusão aconteça na próxima fase de isenção de vistos, um processo gradual baseado no volume de trocas comerciais, intercâmbios pessoais e projetos de cooperação entre os dois países.“Na próxima fase, com a ampliação, acho que Portugal vai integrar a lista de isenção de vistos. Para promover uma medida, uma política, é sempre necessário um processo gradual”, justificou o diplomata em março à agência Lusa, notando que os primeiros países na lista de Pequim “têm maior quantidade de intercâmbios pessoais e de negócios ou têm mais projetos de cooperação”, e logo maior necessidade de deslocações à China.A adoção pela China de uma política de isenção de vistos para nacionais de diversos países, que inclui também Malásia ou Singapura, decorre após uma quebra de 80% no investimento estrangeiro direto no país, em 2023, face a 2022, e a uma redução de 60% do número de visitantes no ano passado, face a 2019, o último ano antes da pandemia da covid-19.