Portugal terá de apostar no 5G se Bruxelas falhar metas de cobertura
UE/Presidência
16 de nov. de 2020, 12:30
— Lusa/AO Online
Assumido
como uma prioridade europeia desde 2016, o desenvolvimento da rede
móvel de quinta geração (5G) na UE tem vindo a ser mais demorado do que
previsto, sendo possível que Bruxelas falhe a sua meta de que esta
tecnologia seja disponibilizada, de forma comercial, em pelo menos uma
cidade por país até 2020.Os dados mais
recentes do Observatório Europeu para o 5G, estrutura criada em 2018
pela Comissão Europeia para acompanhar a evolução desta tecnologia,
revelam que até final de setembro apenas havia serviços comerciais em 17
países da UE - Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, República Checa,
Dinamarca, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia,
Polónia, Roménia, Eslovénia, Espanha e Suécia.Em
todos estes países havia pelo menos uma operadora de telecomunicações a
disponibilizar pacotes de 5G, mas na maioria dos casos esta ainda era
uma cobertura seletiva, abrangendo apenas algumas localidades e uma
parte da população.Na semana passada, um
tribunal sueco suspendeu a decisão de excluir a chinesa Huawei da rede
de telecomunicações 5G, enquanto se aguarda uma decisão sobre o mérito,
levando a autoridade responsável pelo concurso a adiar o leilão sobre
esta rede.Isto significa que a tecnologia 5G está, neste momento, em suspenso na Suécia.Este
é o país da tecnológica Ericsson, principal concorrente da 'número um'
no 5G, a Huawei (a outra concorrente é a finlandesa Nokia).A
Suécia foi, inclusive, o primeiro Estado-membro da UE a banir de forma
clara a Huawei. Antes, o Reino Unido, que já não é Estado-membro da
União, também o fez.A justificar tais
decisões está o facto de, para estes países, as infraestruturas 5G da
tecnológica chinesa acarretarem riscos para a cibersegurança nacional,
desde logo após acusações dos Estados Unidos relativas a espionagem.No
início deste ano, a Comissão Europeia aconselhou os Estados-membros da
UE a aplicarem “restrições relevantes” aos fornecedores considerados de
“alto risco” nas redes 5G, incluindo a exclusão dos seus mercados em
certas partes técnicas, para evitar riscos “críticos”.Bruxelas
rejeitou, ainda assim, estar a “apontar o dedo a alguma empresa”,
recusando ligação da recomendação com as polémicas que têm envolvido a
Huawei.São estas tensões comerciais, mas
também os atrasos no arranque do 5G, que Portugal terá de enfrentar
aquando da sua presidência da UE, no primeiro semestre de 2021.Ainda
de acordo com os dados mais recentes do Observatório Europeu para o 5G,
datados de final de setembro, 12 países já apresentaram roteiros
estratégicos para o 5G: Portugal, mas também Espanha, França, Áustria,
Luxemburgo, Alemanha, República Checa, Holanda, Dinamarca, Estónia,
Suécia e Finlândia.Também até essa data,
estavam definidos 12 corredores 5G transfronteiriços na UE, entre os
quais o que abrange Porto, Vigo e Évora para testar carros autónomos,
numa parceria público-privada de 27 milhões de euros.Até
final de setembro eram, ainda, 143 as cidades europeias com testes de
5G, nas quais se incluíam as portuguesas Aveiro, Évora, Porto,
Matosinhos e Lisboa, de acordo com o observatório europeu.Nesta
‘corrida’ tecnológica, a UE ainda está muito atrás de países como
Coreia do Sul, Japão ou Estados Unidos, mas continua a tentar cortar a
meta.