Portugal realizará conferência sobre violência contra mulheres
UE/Presidência
8 de jan. de 2021, 14:41
— Lusa/AO Online
"Vamos realizar
uma conferência de alto nível sobre a violência contra as mulheres,
incluindo a violência cibernética", disse a numa (vídeo)conferência com
jornalistas estrangeiros acreditados em Bruxelas.Para
a conferência, que ainda não tem data marcada, o governo pediu novos
dados ao Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em
inglês) que permitam avaliar o impacto da pandemia de covid-19 na
questão da igualdade."Queremos avaliar o
impacto real da covid-19 durante a pandemia no mercado de trabalho,
violência doméstica, equilíbrio entre vida profissional e vida privada.
Ao longo desta crise, as desigualdades que já estavam presentes
apareceram de forma mais marcante. E, portanto, é necessário debater em
termos práticos, não teóricos", justificou.No
último relatório, publicado no final de outubro passado, o EIGE alertou
que a pandemia ameaça os avanços registados na UE em termos de
igualdade de género, prevendo que levará 60 anos para a alcançar.Questionada
sobre se, durante a presidência portuguesa, vai "pressionar" os países
europeus que ainda não assinaram a Convenção de Istambul contra a
violência de género para que o façam, a ministra respondeu que está
"disposta a facilitar o diálogo entre os Estados-membros sobre esta
questão".A Convenção de Istambul, aprovada
em 2011 e que Portugal ratificou em 2013, é um tratado internacional
juridicamente vinculativo que reconhece a violência contra as mulheres
como um ataque aos direitos humanos e obriga os países a considerá-la um
delito tipificado e sancionado. Na UE,
seis países ainda não aderiram ao tratado internacional - Hungria,
Letónia, Lituânia, Eslováquia, República Checa e Bulgária – e a Polónia,
que o ratificou em 2015, ameaça abandonar a Convenção, que também
criminaliza a mutilação genital feminina, o casamento forçado, o
assédio, o aborto forçado e a esterilização forçada."O
objetivo é uma União [Europeia] de igualdade e, portanto, o objetivo é
que homens e mulheres sejam livres para continuarem a viver em
liberdade" na UE, frisou Mariana Vieira da Silva, propondo-se "trabalhar
com todos os Estados-membros sem exceção".“A
pandemia de covid-19 pôs em destaque as grandes desigualdades que
persistem e vimos a violência contra as mulheres aumentar
exponencialmente", frisou a ministra.A
presidência portuguesa pretende por isso “marcar, saudar” a Convenção de
Combate à Violência, “um instrumento progressista que estabelece as
linhas de orientação e que permite criar um quadro sólido para todos os
Estados-membros", afirmou."A promoção da
igualdade independentemente do género é uma pedra angular da UE. É
chegado o momento de defender estes princípios para permitir uma mudança
positiva na nossa sociedade", concluiu Vieira da Silva.Portugal exerce a presidência do Conselho da UE entre 01 de janeiro e 30 de junho.