Portugal quer Conselho de Segurança ONU mais ágil para estancar conflitos
26 de set. de 2024, 11:01
— Lusa/AO Online
Luís
Montenegro falava aos jornalistas na sede da Organização das Nações
Unidas (ONU), em Nova Iorque, onde irá participar num debate aberto
do Conselho de Segurança da ONU sobre liderança para a paz."Terei
a oportunidade, no âmbito da participação na reunião do Conselho de
Segurança, de afirmar alguns pontos de vista que nós, em Portugal,
defendemos, para que haja maior agilidade do Conselho de Segurança na
intervenção internacional, nomeadamente nos focos de conflito",
antecipou o primeiro-ministro.O chefe do
Governo PSD/CDS-PP criticou a "utilização demasiado recorrente, para não
dizer mesmo às vezes abusiva, do direito de veto" e considerou que "o
Conselho de Segurança está a acabar por se transformar num órgão com
alguma limitação em termos de operacionalidade", com "a gestão dos
equilíbrios" a sobrepor-se "à necessidade imediata de intervenção."E
eu direi isto com todas as letras, aliás, também fazendo disso um dos
pontos de reflexão da nossa candidatura a membro não-permanente para o
biénio de 2027 e 2028", acrescentou.Luís
Montenegro referiu, como exemplos, conflitos atuais na Europa, no Médio
Oriente e em África: "Hoje temos uma guerra na Ucrânia que as Nações
Unidas, muitas vezes, não vou dizer que tenham silenciado, mas têm pouca
capacidade de intervenção. Hoje temos uma situação humanitária na Faixa
de Gaza que carece também de maior proatividade no terreno por parte
das Nações Unidas como um todo"."E temos
agora esta questão que a todos convoca e ao Conselho de Segurança
seguramente também, que é a de estancar esta escalada de violência [no
Líbano], e que pode ser agilizada. E há outras geografias, o Sudão, o
Sahel, onde conflitos vão permanecendo", completou.O
Conselho de Segurança da ONU tem atualmente cinco membros permanentes,
com direito de veto: Estados Unidos de América, Federação Russa, França,
Reino Unido e República Popular da China.Portugal
tem defendido uma reforma que implique, pelo menos, representação
africana, tendo recentemente concretizado que quer a entrada de dois
países africanos, e também do Brasil e da Índia neste órgão, como
membros permanentes.A Assembleia Geral
elege, todos os anos, cinco de um total de dez membros não-permanentes
para o Conselho de Segurança, que nos termos de uma resolução da ONU são
distribuídos da seguinte forma: cinco africanos e asiáticos, um da
Europa de Leste, dois da América Latina, dois da Europa Ocidental e
outros Estados.A candidatura de Portugal a
membro não-permanente deste órgão em 2027-28 foi anunciada em 2013 pelo
então ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas. A Alemanha e a
Áustria também lançaram candidaturas para o mesmo período.Em
2021, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu a
confiança dos países membros da ONU para um mandato de Portugal no
Conselho de Segurança em 2027-28.Em 2022,
também perante a Assembleia Geral, o anterior primeiro-ministro, António
Costa, declarou que Portugal quer ser eleito para ajudar a tornar a ONU
mais justa, eficaz e representativa.As
eleições para os lugares a ocupar nesse biénio irão realizar-se em 2026,
ano em que António Guterres terminará o seu segundo mandato de cinco
anos como secretário-geral da ONU, lugar ao qual se candidatou proposto
por Portugal em 2016, tendo sido reeleito em 2021.Portugal já foi membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU em 1979-1980, 1997-1998 e 2011-2012.