Portugal preside pela quarta vez à UE a partir de janeiro
UE/Presidência
2 de nov. de 2020, 12:18
— Lusa/AO Online
Esta quarta presidência
portuguesa, que se estende pelo primeiro semestre de 2021, terá desde
logo como prioridades o orçamento da UE para 2021-2027, o Fundo de
Recuperação pós-pandemia e o ‘Brexit’, e realiza-se com novas regras,
definidas pelo Tratado de Lisboa, em vigor desde 2009.Tendo
como grandes temas o Ambiente, a Transição Digital, a Dimensão Social, a
Resiliência e a Europa Global, o foco desta presidência portuguesa vai
ser a Europa Social e, na vertente externa, a realização da Cimeira
UE-Índia e, como “tópico fundamental”, a relação entre a UE e África.Em
2007, a terceira presidência portuguesa, exercida pelo Governo liderado
por José Sócrates, teve como “prioridade das prioridades” a assinatura
do Tratado de Lisboa, que tirou a União da crise política e
institucional em que tinha mergulhado com a rejeição de uma Constituição
Europeia em referendos em França e na Holanda.Visando
melhorar o funcionamento do bloco europeu e reforçar o seu peso
político na cena internacional, o novo tratado marcou, disse então o
presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, “o
nascimento de uma nova Europa”.A II
Cimeira com África foi a outra grande prioridade, vindo a realizar-se em
dezembro, em Lisboa, depois de difíceis negociações para ultrapassar a
oposição do Reino Unido a que o Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe,
proibido de viajar para a Europa, pudesse ser convidado.Mugabe
esteve em Lisboa, assim como quase 80 outros chefes de Estado e de
Governo, mas o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, faltou à
Cimeira, que adotou uma Parceria Estratégica e o primeiro Plano de Ação
entre os dois continentes.A segunda
presidência, conduzida no primeiro semestre de 2000 pelo
primeiro-ministro António Guterres, focou-se na Estratégia de Lisboa, de
modernização e reforço da competitividade e do crescimento da economia
europeia, e teve como um dos pontos altos a I Cimeira África-Europa, no
Cairo.Portugal deparou-se contudo, logo no
início, com a então chamada crise euro-austríaca, em que 14 dos 15
Estados-membros congelaram relações políticas bilaterais com a Áustria
pela participação no governo de coligação de Viena de membros de um
partido considerado de extrema-direita (FPÖ), liderado por Jörg Haider.A
presidência portuguesa conseguiu um acordo para uma pré-solução do
problema austríaco, que passava por uma avaliação independente do
comportamento do governo de Viena e da evolução da natureza política do
FPÖ, mantendo a coesão sem isolar demasiado a Áustria.Foi
então possível garantir o ponto alto do calendário da presidência, a
Cimeira de Lisboa, na qual foi aprovado um conjunto de reformas e planos
destinados a colocar a 'nova economia eletrónica', a internet e a
sociedade da informação ao serviço do crescimento económico, do emprego e
da coesão social na UE.Em 1992, a
primeira presidência portuguesa da então ainda chamada Comunidade
Económica Europeia (CEE) foi liderada pelo primeiro-ministro Aníbal
Cavaco Silva e ficou marcada por uma reforma histórica da mais
importante política europeia, a Política Agrícola Comum (PAC), mas
também pela primeira grande crise institucional, desencadeada pelo "não"
dos dinamarqueses, em referendo, ao Tratado de Maastricht, aprovado
poucos meses antes, em dezembro de 1991.A
crise rebentou a meio do semestre da presidência, que se tinha iniciado
precisamente num clima de alguma euforia pela recente aprovação do
tratado que abria caminho à criação de uma moeda única, o euro, e coube a
Portugal procurar uma solução política que permitisse que os
dinamarqueses trocassem o "não" pelo "sim" num segundo referendo, que
viria a realizar-se no ano seguinte.Essa
primeira presidência, assumida quando Portugal era há apenas seis anos
membro da CEE, foi também marcada pela tensão provocada pelo início das
guerras que conduziram à desagregação da ex-Jugoslávia.