Portugal precisa de ultrapassar "défice do desconhecimento"
3 de dez. de 2017, 20:17
— Lusa/AO online
“O maior défice que temos não é o défice das finanças, é o que acumulamos de ignorância, de desconhecimento, de ausência de educação, de ausência de formação, de ausência de preparação. E é esse défice histórico que nós temos que vencer, se quisermos, e não podemos deixar de querer (…) sermos melhores do que os melhores”, afirmou António Costa, no Porto, na cerimónia de entrega dos prémios Manuel António da Mota.Segundo o primeiro-ministro, o país precisa de concretizar essa ambição.António Costa recordou as políticas que o Governo tem levado a cabo no sistema educativo, como a diminuição do número de alunos por turma e a flexibilização dos currículos em cada agrupamento, afirmando acreditar que esta é a melhor forma de “ganhar cada vez mais as crianças para o ensino, para o estudo e para a promoção do sucesso escolar”.O primeiro-ministro sublinhou também que não se pode “ignorar que o acesso à educação versátil é absolutamente a condição fundamental para que as crianças e os jovens de hoje possam responder às diferentes necessidades do futuro”.Costa salientou também que “erradicar a pobreza, eliminar os fatores de exclusão social” é também outro “grande desafio que continua a estar presente”.“É uma herança secular, é uma herança que certamente a crise dos últimos anos agravou, mas é uma herança a que temos que dar resposta”, vincou, acrescentando que o crescimento económico registado este ano, bem como o aumento da criação de emprego, ganham valor se permitirem “rendimento partilhado entre todos”.“É esse sentimento de justiça que permite reduzir e eliminar fatores de exclusão e erradicar a pobreza”, disse.Recordando os dados do INE divulgados na quinta-feira relativos às condições de vida, o primeiro-ministro destacou a “menor desigualdade, a maior redução da pobreza” e um “risco de pobreza mais baixo”, sobretudo em menores de 18 anos.Destacou ainda que “a taxa de privação material teve a maior redução entre crianças e jovens”, acrescentando ser “absolutamente crucial” dar continuidade à diminuição da privação material.Dar continuidade “à redução da pobreza entre as crianças e os jovens é a primeira condição para não estar a reproduzir uma nova geração de pobreza e inverter esse ciclo de pobreza que mina o país”, sublinhou.Costa disse que melhorar o rendimento disponível das famílias “passa necessariamente” por mais e melhores salários, considerando que “o contributo do salário mínimo nacional para a redução da pobreza foi particularmente significativo num país onde o número de trabalhadores em situação de pobreza era muito significativo”.“É por isso que temos que prosseguir essa trajetória”, notou, acrescentando ser assim “absolutamente essencial trabalhar naquele que tem que ser o maior elevador social na vida coletiva, que é a maior garantia para a erradicação da pobreza, que é o investimento na educação e na formação ao longo da vida”.“Esse é seguramente o maior investimento no capital humano que podemos fazer”, concluiu.