Portugal pede aos EUA regime preferencial para produtores de leite dos Açores

18 de dez. de 2019, 15:27 — Lusa/AO Online

O pedido foi feito durante a reunião da comissão bilateral permanente entre Portugal e Estados Unidos, realizada na terça-feira em Lisboa e cujos resultados foram anunciados esta quarta-feira em comunicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.Os Estados Unidos anunciaram em outubro que iam impor taxas alfandegárias sobre produtos da União Europeia, incluindo derivados de leite, como queijos, iogurtes e manteigas, de Portugal.A decisão implica que estes e outros produtos de Portugal (e de outros Estados da União Europeia) fiquem sujeitos a uma taxa adicional de 25% quando importados pelos EUA.A imposição de taxas adicionais foi decidida como retaliação às ajudas públicas da União Europeia à Airbus.Reunidos na terça-feira com uma agenda focada “em questões estratégicas de interesse comum”, os representantes dos dois países reiteraram a importância da base das Lajes, nos Açores, quer para a segurança global quer para as relações bilaterais.No âmbito da cooperação com os Açores, Portugal solicitou um regime especial para o setor do leite daquela região, refere a declaração conjunta assinada pelos parceiros.Em contrapartida, os Estados Unidos pediram a Portugal que tome uma posição pública sobre tarifas e que pressione a UE para acabar com “as práticas comerciais desleais da UE” relativas ao setor da aviação.Em outubro, a Organização Mundial do Comércio considerou que os EUA tinham razão para acusar a União Europeia de subsidiar ilegalmente a Airbus, autorizando o país a impor taxas.A reunião serviu também para debater formas de aumentar, em 2020, os investimentos mútuos e o comércio de bens e serviços.Os Estados Unidos lembraram ainda que no próximo ano será assinalado o 225º aniversário do consulado norte-americano nos Açores, anunciado a intenção de organizar, em maio, um mês de visitas e programas que mostrem “a relação especial dos Estados Unidos com os Açores”.A comissão bilateral elogiou ainda o primeiro seminário que assinalou a entrada em funcionamento do Centro para a Defesa do Atlântico, que se vai situar nas Lages.Os representantes dos dois países visitaram também as futuras instalações do Centro de excelência da NATO Geometoc (geoespacial, meteorológico e oceanográfico), tendo os Estados Unidos admitido terem interesse em participar na segunda conferência de estabelecimento do Geometoc, agendada para fevereiro de 2020.A importância da Aliança Atlântica foi um dos pontos-chave da reunião, tendo Portugal notificado os Estados Unidos dos seus planos para aumentar o investimento na defesa, um objetivo que os norte-americanos defendem ser crucial para a NATO.Em fevereiro deste ano, o secretário-geral da NATO avisou que os parceiros teriam de investir mais na defesa, tendo o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, desafiado o Governo português a aproveitar o crescimento económico e investir mais, lembrando que há uma meta de 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para cumprir até 2024.O ministro da Defesa na altura, Azeredo Lopes garantiu que Portugal ia gastar mais, comprando cinco aviões KC-390 no valor de 400 milhões de euros.A comissão bilateral permanente foi presidida conjuntamente pela diretora-geral de Política Externa, Madalena Fischer, e pelo ‘Acting Deputy Assistant Secretary’ para a Europa Ocidental, Shawn Crowley, integrando também o embaixador de Portugal nos EUA, Domingos Fezas Vital, o embaixador dos EUA em Portugal, George Glass, e o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.