Portugal “não pode parar” para poder apanhar “onda da recuperação” quando crise passar
28 de out. de 2022, 15:20
— Lusa/AO Online
“São
tempos difíceis e exigentes, mas é preciso não pararmos. É preciso
criarmos as condições e a confiança para que os investimentos se
concretizem. Quando passar esta crise, como quando passou a situação
mais crítica da covid-19, temos de estar em condições de apanhar a onda
da recuperação”, disse António Costa.Na
Trofa, no distrito do Porto, onde visitou a Bial, o primeiro-ministro
elogiou a farmacêutica e usou-a como exemplo para passar mensagens sobre
a necessidade de superar a crise ou a importância do investimento na
ciência e na modernização.“Entre 2019 e
2022 vivemos, seguramente, os dois anos mais desafiantes e atípicos das
nossas vidas. O mais fácil era parar e houve muitos momentos em que
tivemos de parar para proteger a saúde uns dos outros. A Bial não parou.
É seguramente um exemplo para o momento que vivemos agora. Os tempos
são exigentes, mas temos de continuar a avançar”, disse o governante.Num
discurso depois de uma visita às instalações da Bial, percurso que
incluiu a inauguração da ampliação do edifício industrial e da unidade
de produção de antibióticos, António Costa referiu que Portugal “é o
país da União Europeia (UE) que, este ano, mais cresce em toda a UE”.“E
83% das empresas industriais portuguesas que manifestaram intenção de
investir em 2023 mantêm essa intenção ou têm intenção de acelerar o
investimento”, acrescentou.Com os
ministros e ministra da Economia, Saúde e Ciência na plateia, bem como
vários empresários e dirigentes de instituições ligadas à saúde, António
Costa deu as pistas que tornam possível o “salto significativo” do
desenvolvimento do país.O governante
começou por considerar o investimento em ciência como “essencial”, para
acrescentar a modernização tecnológica e a aposta no mercado global.“Se
queremos dar um salto significativo no nosso desenvolvimento, se
queremos cumprir a meta que está fixada no nosso acordo de médio prazo
em sede de concertação social de aumentar 2% ao ano a produtividade das
nossas empresas, é decisivo fazer investimento na ciência, na
modernização tecnológica e produzirmos para um mercado que não seja o
nosso mercado de 10 milhões, mas seja o mercado global”, analisou.O
primeiro-ministro recordou a meta que assumida com a UE de, em 2030,
Portugal estar a investir 3% do Produto Interno Bruto em investigação e
desenvolvimento, um compromisso que visa, num terço, as entidades
públicas e em dois terços as empresas do setor privado.“Para
percorrermos este caminho, temos de trabalhar já. Temos oito anos para
atingir esta meta em 2030 e se a conseguíssemos atingir em sete anos
seria fantástico para o país”, afirmou, regressando ao tema da crise
atual e da necessidade do país de lhe saber resistir.“Vale
a pena resistir à pressão da crise, enfrentar a pressão da crise e
apostar investindo. Temos de sair desta crise mais fortes do que
estávamos anteriormente”, acrescentou.Costa
apontou, por fim, que, “sem protecionismos”, a Europa e Portugal tem de
reforçar a autonomia e a produção própria de bens essenciais.“A
UE, primeiro com o covid-19 e agora com a guerra desencadeada pela
Rússia contra a Ucrânia, compreendeu que as cadeias de valor têm de ser
mais curtas. Percebemos bem os riscos de ter uma única empresa no
continente asiático a produzir 90% dos princípios ativos de vacinas. A
Europa e Portugal têm de ter a capacidade de produzir bens necessários
sem correr o risco de ficar dependente das ruturas nas cadeias de
abastecimento”, concluiu.