Portugal "não é caso único" nas vantagens fiscais para estrangeiros
2 de out. de 2017, 16:10
— Lusa/AO online
Questionada, em Paris, sobre o valor e quando vai
entrar em vigor a "taxa mínima de IRS para reformados estrangeiros" --
que foi evocada, em 15 de setembro, pelo ministro das Finanças, Mário
Centeno -, Ana Mendes Godinho não comentou, mas vincou que há outros
países com regimes fiscais idênticos. "Só uma mensagem que é: há
muitos países que têm um regime idêntico ao regime de Portugal. Portugal
não é um caso único", afirmou a secretária de Estado, apontando os
exemplos da Holanda, Irlanda, Espanha e Luxemburgo e sublinhando que
"Portugal é um destino bom para visitar, investir, viver e trabalhar". Perante
o afluxo de reformados e artistas franceses que se têm instalado em
Portugal - sendo o caso mais recente o do cantor Florent Pagny que, na
semana passada, disse que decidiu instalar-se em Portugal "por
verdadeiras razões fiscais" -, Ana Mendes Godinho afirmou que "é bom que
todas as pessoas que valorizem Portugal vão para Portugal". "Queremos
bons investidores, queremos pessoas que criem valor, queremos pessoas
que gostem de viver em Portugal pelas suas melhores características.
Temos vários cartões de visitas espetaculares de estrelas que estão a
escolher Portugal para viver, como a Madonna", declarou, sublinhando que
numa reportagem do canal televisivo francês TF1 sobre as razões que
levaram a cantora a ir para Portugal "não apareceu uma única vez a
referência às razões fiscais". Para a governante, "há muitos
fatores que levam a que as pessoas escolham Portugal para viver hoje em
dia", como "a capacidade dos portugueses receberem" e Portugal ser "cada
vez mais um país multicultural, tolerante e integrador". Sobre a
possibilidade de Portugal ser invadido por turistas, Ana Mendes Godinho
- que se mostrou contra "o turismo de massas" - lembrou que foi criado
um programa de apoio à sustentabilidade turística, anunciado na semana
passada, e que prevê a abertura de uma linha de financiamento de 10
milhões de euros para novos projetos de turismo sustentável orientados
para a sociedade civil. A governante acrescentou que não se pode esquecer "o que eram os centros urbanos de Lisboa e do Porto há dez anos". "Estavam
completamente abandonados, tínhamos prédios devolutos, não tínhamos
pessoas na rua, tínhamos insegurança na rua e é bom sempre relembrarmos
este aspeto muito positivo de como evoluíram as nossas cidades muito em
função do dinamismo criado também pelo turismo, nomeadamente até pela
capacidade de revitalização e de criação de comércio", defendeu. Quanto
ao investimento na promoção turística de Portugal em França é para
continuar, nomeadamente com "algumas novas rotas para os Açores", a promoção de Portugal como destino de eventos corporativos e de turismo de negócios e a promoção do Algarve no inverno. Em
2016, o mercado francês foi o primeiro mercado em termos de receitas
turísticas para Portugal, com quase 2 milhões de turistas franceses no
país, tendo havido, este ano, um crescimento de 11% das receitas
turísticas francesas para Portugal. Atualmente há 616 voos por semana de
21 aeroportos de França para Portugal, de acordo com Ana Mendes
Godinho. "O que se sente, este ano, principalmente, é que há
alguma descoberta por parte de franceses de regiões para onde não
estavam a ir tanto", continuou a secretária de Estado, apontando que
houve um crescimento de 14 % de turistas franceses no Algarve, de 40%
para os Açores e também uma "descoberta" da região centro.