Portugal garante no G20 apoio a aliança contra a fome com atenção aos PALOP
24 de jul. de 2024, 17:10
— Lusa/AO Online
O
objetivo é “erradicarmos a fome e a pobreza”, sublinhou Paulo Rangel,
em declarações à imprensa, à margem da inauguração da exposição “A
língua que se escreve sobre o mar – Camões 500 anos”, na Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro.O chefe da
diplomacia portuguesa, que chegou ao Rio de Janeiro para participar
na reunião do G20 (formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a
União Africana e União Europeia) que discute uma aliança global contra a
fome, disse que Portugal tem uma “cooperação em África, muito forte,
não apenas com os países de expressão portuguesa, mas especialmente com
esses”.Portugal pode, através desta
aliança, “levar alguns projetos, para aquelas zonas mais esquecidas,
mais afetadas por conflitos, mais afetadas pelas alterações climáticas,
no sentido de evitar que tantos cidadãos deste planeta estejam na
situação de fome”, frisou o ministro.Paulo
Rangel detalhou que Portugal, juntamente com o México, tem estado a
preparar um documento informal, focado na pobreza infantil e juvenil,
“para combater esse fenómeno da pobreza e da fome que se herda”.“Vamos
ter uma contribuição para o secretariado desta aliança global, o que
significa que vamos estar profundamente envolvidos no trabalho” do que
vai ser a Aliança Global Contra a Fome e Pobreza, que “terá um conjunto
de objetivos e de políticas definidas a nível global e suscetíveis de
serem executadas a nível de cada Estado”, afirmou.O
chefe da diplomacia portuguesa disse acreditar que no G20 este tema do
combate à fome e pobreza é um tema “consensual e vai haver, de facto,
uma boa resposta a este desafio do Brasil”, que detém atualmente a
presidência do grupo.“Vai conseguir pôr na
ordem do dia, na ordem global, a ideia de que nós temos que acelerar
todas as medidas necessárias para combater a fome e a pobreza”, apostou,
agradecendo ainda o convite brasileiro a Portugal e a Angola para
participarem como membros observadores, projetando “imenso a CPLP”.Mais
de 700 milhões de pessoas enfrentaram a fome em 2023, um em cada 11
habitantes no mundo e um em cada cinco em África, de acordo com um
relatório da ONU hoje divulgado, na abertura da reunião do G20."Estima-se
que entre 713 e 757 milhões de pessoas, o que corresponde a 8,9% e 9,4%
da população global, respetivamente, teriam enfrentado a fome em 2023.
Considerando a faixa intermédia (733 milhões), seriam cerca de 152
milhões de pessoas a mais do que em 2019", segundo o relatório sobre o
"Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo (SOFI, em inglês)
2024", da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
(FAO).O Presidente brasileiro, Lula da
Silva, apresentou a Aliança Global contra a Fome e
a Pobreza junto dos representantes das 20 maiores economias do mundo,
para erradicar de uma vez por todas este flagelo.A
Aliança foi lançada numa reunião que contou com a presença de ministros
de vários países, entre os quais o ministro dos Negócios Estrangeiros
português, Paulo Rangel, e passará a estar aberta a adesões, com a
expectativa de que seja definitivamente lançada em novembro, durante a
Cimeira de Líderes do G20, também no Rio de Janeiro.Aberta
a todos os países, esta iniciativa procura coordenar ações e parcerias
técnicas e financeiras para apoiar a implementação de programas
nacionais nos países que aderirem à proposta e ainda o financiamento de
políticas públicas para a erradicação da fome e da pobreza no mundo. As
bases da aliança foram aprovadas por consenso por mais de 50
delegações, incluindo os membros do G20, o fórum que reúne as maiores
economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana, países
convidados e organizações internacionais.Entre
os documentos consensuais estão os "Termos de Referência e Estrutura de
Governança da Aliança", os critérios para a composição da das políticas
públicas que serão apoiadas pela Aliança e o modelo das declarações de
compromisso que todos os membros da iniciativa terão que assinar.