Portugal exorta Bruxelas a avançar “rapidamente” com interconexões
Crise/Energia
26 de jul. de 2022, 14:41
— Lusa/AO Online
“Afirmámos
em todas as nossas intervenções que é fundamental a UE colocar o tema
das interconexões rapidamente no horizonte de curto prazo porque se
Portugal estivesse melhor interligado com o resto da Europa poderia,
neste momento, ter um contributo maior naquilo que é a solidariedade que
se está a pedir”, afirmou o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro.Em
declarações aos jornalistas portugueses em Bruxelas depois de os
ministros europeus da Energia já terem chegado a acordo político sobre a
meta para reduzir 15% do consumo de gás até à primavera, pelo receio de
rutura no fornecimento russo, Duarte Cordeiro vincou que “é fundamental
a Comissão Europeia perceber, quando discute estes regulamentos, que
tem de colocar rapidamente na agenda o reforço das interligações do sul
da Europa”.“É reconhecido por muitos
países, nomeadamente pela Alemanha, a necessidade do reforço das
interligações e tem de ser feito um trabalho, com alguma rapidez, pela
Comissão Europeia”, adiantou.Anunciando o
consenso, a presidência checa do Conselho da UE indicou em comunicado
que, “num esforço para aumentar a segurança do aprovisionamento
energético da União, os Estados-membros chegaram hoje a um acordo
político sobre uma redução voluntária da procura de gás natural em 15%
este inverno”, estando também prevista a “possibilidade de desencadear
um ‘alerta da União’ sobre a segurança do aprovisionamento, caso em que a
redução da procura de gás se tornaria obrigatória”.De
acordo com o Conselho, da iniciativa fazem agora parte “algumas
isenções e possibilidades de solicitar uma derrogação ao objetivo
obrigatório de redução, a fim de refletir as situações particulares dos
Estados-membros e assegurar que as reduções de gás sejam eficazes para
aumentar a segurança do aprovisionamento na UE”.No
caso de Portugal, “enquadra-se nos países que poderão, por ter fracas
interconexões, ver a sua meta reduzida em oito pontos percentuais face
ao objetivo inicialmente definido, caso venha a ser criada uma obrigação
de redução de gás”, referiu Duarte Cordeiro.Além
disso, Portugal “pode deduzir um conjunto de circunstâncias” em que
também se encontra, “como a produção de energia elétrica na segurança do
sistema ou a necessidade de utilização do gás como matéria-prima em
indústrias ou setores indispensáveis”, acrescentou.O
ministro da tutela disse ainda esperar “que entre em plena
implementação a plataforma conjunta de compras a nível europeu” para o
gás.Na passada quarta-feira, a Comissão
Europeia propôs uma meta para redução do consumo de gás UE de 15% até à
primavera, admitindo avançar com redução obrigatória da procura perante
uma situação de alerta.O objetivo é que,
entre 01 de agosto deste ano e 31 de março de 2023, os Estados-membros
reduzam em 15% os seus consumos de gás natural (de forma geral e face à
média histórica nesse período, considerando os anos de 2017 a 2021), de
forma a aumentar o nível de armazenamento europeu e criar uma almofada
de segurança para situações de emergência.A
ideia é que, num inverno normal, se reduzam 30 mil milhões de metros
cúbicos do gás consumido na UE, diminuição que passaria para 45 mil
milhões de metros cúbicos num inverno longo e frio.A
proposta teve a oposição inicial de países como Portugal e Espanha,
nomeadamente pela falta de interconexão energética com o resto da
Europa, mas foram depois introduzidas derrogações para ter em conta
especificidades como elevada dependência da produção de eletricidade a
partir do gás, falta de sincronização com a rede elétrica europeia ou
ainda falta de interconexão direta no gás.As
tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado
energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a
Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis
variáveis entre os Estados-membros.Em Portugal, em 2021, o gás russo representou menos de 10% do total importado.