O
ano passado é já “o melhor de sempre do ponto de vista de receitas” do
turismo português, com uma estimativa de mais de 22 mil milhões de
euros, que comparam com os 18,4 mil milhões de 2019, o último sem
qualquer impacto da pandemia de covid-19, disse hoje aos jornalistas o
presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, em Madrid, na abertura
da FITUR, que decorre até domingo.“Recuperámos
antes do que prevíamos”, sublinhou o presidente da entidade responsável
pela promoção de Portugal como destino turístico.“Aquilo
que estamos a prever para 2023 é continuar o crescimento que tivemos em
2022, obviamente, com grandes incertezas, da guerra na Ucrânia até à
inflação. Mas acreditamos que estamos muito bem posicionados. Um exemplo
disto é esta feira, a FITUR”, acrescentou Luís Araújo, que destacou que
o mercado espanhol é atualmente o segundo maior para Portugal em número
de hóspedes e o quarto em termos de receitas.Em
relação a Espanha há, assim, segundo Luís Araújo, “um trabalho a fazer”
para aumentar as receitas, através de “segmentos específicos” do
mercado.De um ponto de vista mais global, a
estratégia é “tentar diversificar ainda mais o núcleo de mercados” que
são fundamentais para o turismo português, afirmou.Para
este objetivo, uma das chaves de crescimento está nas ligações aéreas,
de que o turismo português depende por causa da localização geográfica
do país.“Temos conseguido retomar as rotas
que tínhamos perdido em 2020 e 2021 e estamos já com os indicadores
muito próximos [aos dos anos anteriores]. Este ano, 2023, vamos
ultrapassar 2019. É uma das grandes âncoras para a retoma do setor”,
afirmou o presidente do Turismo de Portugal.Luís
Araújo destacou que “o crescimento faz-se em todos os aeroportos” e deu
como exemplo, precisamente, Espanha, país que teve ligações com os
cinco aeroportos nacionais portugueses no ano passado, através da
companhia aérea espanhola Iberia, “um fator ótimo de distribuição” de
turistas, principalmente de mercados a que no passado Portugal não
chegava, como o mexicano ou outros da América do Sul.“O
nosso papel é, em conjunto com cada um dos nossos aeroportos, e há
ainda margem para crescer em muitos dos aeroportos, tentar demonstrar
esta capacidade de atração para todas as regiões. Aquilo que nós
entendemos é que existe obviamente um ‘hub’, que é Lisboa e faz esta
distribuição, mas existem muitos motivos de interesse para muitos
mercados para destinos como Algarve, o norte ou as ilhas”, afirmou.Cerca
de 8.500 empresas de 131 países, incluindo 92 de Portugal, participam
entre hoje e domingo na Feira Internacional do Turismo de Madrid
(FITUR), uma das maiores do mundo.A
representação portuguesa conta ainda, como habitualmente, com as sete
regiões turísticas do país (Porto e Norte, Centro, Alentejo, Algarve,
Madeira e Açores), instaladas com as 92 empresas num expositor de 900
metros quadrados do Turismo de Portugal. Diversos municípios e entidades
intermunicipais estão também representados em ‘stands’ próprios na
FITUR.A FITUR foi inaugurada hoje pelos
reis de Espanha, Felipe VI e Letizia, e na cerimónia esteve o secretário
de Estado do Turismo de Portugal, Nuno Fazenda, que destacou, em
declarações aos jornalistas, a importância do mercado espanhol e a
"forte presença" de empresas nacionais na feira de Madrid deste ano."O
mercado espanhol é um mercado muito importante para o nosso país, é o
segundo maior mercado em dormidas e o primeiro em algumas regiões, como o
Norte, Centro e Alentejo. E, nesse contexto, temos também de trabalhar
vários segmentos para crescer também em valor e crescer também no
interior, no território do interior de Portugal", afirmou.O
ministro da Economia, António Costa Silva, e a ministra espanhola do
Turismo, Reyes Maroto, apresentam na quinta-feira, na FITUR, a
estratégia de cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha para o
setor do turismo, que foi acordada na última cimeira ibérica, em
novembro passado. "É um reforço para
desenvolver também turisticamente o interior do nosso país", sublinhou
Nuno Fazenda, que considerou a região transfronteiriça "uma centralidade
ibérica" que é necessário potenciar através da promoção turística, mas
também do aumento e melhoria das ligações aéreas, rodoviárias e
ferroviárias entre Portugal e Espanha, como está previsto, sublinhou, no
âmbito de investimentos com fundos europeus dos planos de recuperação e
resiliência.O secretário de Estado
manifestou-se "muito satisfeito" com a adesão de empresas e outras
entidades a esta edição da FITUR, com vista à afirmação de Portugal como
destino turístico no mercado espanhol.Em
paralelo, defendeu a continuidade na aposta dos mercados estratégicos
para Portugal dentro e fora da Europa, onde está concentrada 80% da
procura turística do país.Neste contexto,
deu como exemplo o sucesso recente da aposta nos Estados Unidos, que
transformou este país no quinto com maior peso no turismo português.