Portugal espera conseguir consenso sobre salário mínimo durante a presidência
UE
16 de set. de 2020, 14:25
— Lusa/AO Online
O
objetivo foi avançado pela secretária de Estado dos Assuntos
Europeus, Ana Paula Zacarias, que apontou a ideia de um salário mínimo
na UE como uma das questões fundamentais da agenda social que Portugal
definiu como prioritária para o exercício da sua presidência do Conselho
Europeu, entre janeiro e junho de 2021.A
secretária de Estado, que falava à imprensa à margem de um debate sobre o
Estado da União, organizado pelo Gabinete do Parlamento Europeu em
Portugal e pela agência Lusa em Lisboa, confirmou que Portugal vai
acolher uma Cimeira Social, em maio no Porto, na qual espera que seja
aprovado um plano de execução do Pilar Europeu dos Direitos Sociais
proclamado em novembro de 2017 em Gotemburgo (Suécia).“Quando
a Comissão Europeia apresentar esse plano de implementação e de
execução, ele vem com uma série de instrumentos. Um deles há de ser sem
dúvida a questão do salário mínimo”, explicou Ana Paula Zacarias.A
presidência portuguesa conduzirá o debate a partir dessa proposta, que
em relação a este como a outros instrumentos – “o resseguro de
desemprego, aspetos relativos às garantias de trabalho, ao diálogo entre
os parceiros sociais, entre outros” – pode traduzir-se numa
recomendação ou numa diretiva.“A ideia de
haver um salário mínimo efetivo justo para cada país, dependendo
obviamente das circunstâncias económicas e financeiras de cada um e do
seu sistema laboral, seria muito muito importante”, afirmou.A
secretária de Estado frisou, contudo, que “tudo terá de ser feito no
respeito pelas características dos sistemas sociais de cada país e pelos
sistemas de negociação salarial de cada país”, evocando por exemplo as
resistências dos países nórdicos, que têm um processo diferente de
diálogo com os parceiros sociais na definição dos salários.“Temos
de ver, não é fácil, mas esperamos conseguir um consenso em torno
destas ideias que serão fundamentais para o futuro”, disse a secretária
de Estado.Ana Paula Zacarias dá como certo
que “o foco de luz” da presidência portuguesa “será posto na questão
social”, porque, “neste momento, a questão do desemprego, a questão das
desigualdades, vão ser elementos muito importantes”“Queremos
discutir isso com a sociedade civil, discutir com os parceiros sociais
europeus, ver como vamos promover essa agenda social”, disse, apontando
outras questões, além do salário mínimo, como “a garantia para a
infância ou a igualdade de salário entre homens e mulheres”.“Gostaríamos
muito que houvesse uma garantia para a infância que fosse um verdadeiro
projeto europeu, que ajudasse ao nível da construção de uma cidadania
europeia, uma espécie de abono de família europeu”, explicou, referindo
igualmente “a ideia de haver um resseguro de desemprego”, “um tema
também bastante complexo, mas que faria sentido numa situação como esta
que estamos a viver”.A secretária de
Estado considerou que a circunstância de Portugal exercer a presidência
com um governo socialista “pode ajudar a puxar esta agenda europeia”,
apoiada pelo grupo dos socialistas no Parlamento Europeu, “de que o
mundo do trabalho está a sofrer uma revolução e que essa revolução tem
que ter em conta os interesses das empresas mas também os interesses das
pessoas, dos trabalhadores”.