Portugal equaciona fretar avião para retirar portugueses retidos em Wuhan
Vírus
27 de jan. de 2020, 18:57
— Lusa/AO Online
Num
comunicado dirigido aos cerca de 20 portugueses que residem na cidade, a
embaixada portuguesa esclarece que iniciou "de imediato todos os
passos" para proceder à retirada por via aérea, recorrendo a um avião
civil fretado "que vos vá buscar a Wuhan e dali vos leve diretamente
para Portugal". "É este o plano que está a
ser equacionado em Lisboa e sobre o qual nós estamos já a pedir as
devidas autorizações às autoridades chinesas de Pequim e de Hubei
[província chinesa da qual Wuhan é capital]", lê-se na mesma nota. Situada
no centro da China, a cidade de Wuhan foi colocada na semana passada
sob uma quarentena de facto, com saídas e entradas interditas pelas
autoridades durante período indefinido, apanhando os residentes de
surpresa.O Governo português estudou
inicialmente uma retirada via terrestre para Xangai, no leste da China,
de onde os portugueses voariam para Portugal. No
entanto, a passagem por terra necessitaria das autorizações das
províncias que separam Hubei de Xangai, o que "levaria mais tempo que o
previsto a ser obtido" e exigiria que os cidadãos portugueses fossem
colocados sob quarentena num desses territórios antes de saírem da
China.A agência noticiosa italiana ANSA
avançou hoje, por exemplo, que Roma considera colocar os seus cidadãos
residentes em Wuhan sob quarentena na província vizinha de Hunan, antes
de os fazer sair para Itália.Lisboa considera que aquela situação "não correspondia ao que sempre procurámos, que foi a evacuação direta para Portugal".O
Governo português equaciona ainda realizar aquela operação em conjunto
com os esforços de evacuação de outros países da União Europeia, dentro
do mecanismo de solidariedade europeu, previsto para este tipo de
situações.O mesmo comunicado alerta os
portugueses de Wuhan para a "possibilidade de que à chegada a Portugal,
as autoridades de saúde portuguesas apliquem como medida de prevenção um
período de quarentena".Um dos portugueses
a residir em Wuhan contou à Lusa que na sétima maior cidade da China,
com 11 milhões de habitantes, o silêncio é "total", com os
"estabelecimentos encerrados e as ruas vazias".Após
a notificação das autoridades, na quinta-feira passada, legumes e
outros bens esgotaram rapidamente nos supermercados da cidade, à medida
que as famílias vão acumulando mantimentos. A
China elevou hoje para 80 mortos e mais de 2.700 infetados o balanço de
vítimas do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital
da província de Hubei (centro).A
emergência de saúde pública ocorre quando a China celebra o Ano Novo
Lunar, o feriado mais importante do calendário chinês, equivalente ao
natal nos países ocidentais, e durante o qual centenas de milhões de
chineses viajam.Pequim está a considerar a
possibilidade de prolongar as férias do ano novo e adiar a reabertura
das escolas, como parte do esforço para conter a propagação da doença.O
vírus foi inicialmente detetado no mês passado num mercado de mariscos
nos subúrbios de Wuhan, que é também um importante centro de transporte
doméstico e internacional.A doença foi
identificada como um novo tipo de coronavírus, semelhante à pneumonia
atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e
2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.Casos
de coronavírus foram, entretanto, detetados nos Estados Unidos, França,
Canadá, Austrália, Singapura, Malásia, Tailândia, Japão, Vietname,
Coreia do Sul e Nepal.Os sintomas
associados à infeção causada pelo coronavírus com o nome provisório de
2019-nCoV são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor,
mal-estar geral e dificuldades respiratórias, como falta de ar.