Portugal é o país da Europa onde os reclusos passam mais tempo presos
18 de jul. de 2025, 09:43
— Lusa/AO Online
Os dados do SPACE I, relatório anual de estatísticas penais do Conselho da Europa, indica que Portugal surge como primeiro na lista
dos maiores períodos médios de detenção. Os
períodos mais longos foram registados em Portugal - dados relativos a
2023 -, onde o período médio de detenção é de 31,1 meses, no Azerbeijão,
que registou 29,7 meses, na Moldávia, com 25,6 meses, e na Roménia, com
25,5 meses. Por oposição, surge a Bulgária, onde a média dentro das
cadeias é de 3,9 meses, Alemanha, com 4,2 meses e Croácia e Irlanda do
Norte, ambos com 5,2 meses. Em comparação
com os dados relativos a 2021, o período médio de detenção aumentou, uma
vez que nesse ano foram registados 30,6 meses, sendo que nesse ano
Portugal já era também o país que ocupava o primeiro lugar. Uma
das explicações para esta realidade que se vive nas cadeias portuguesas
poderá estar, admitiu o Conselho da Europa no relatório publicado hoje,
no limite do uso de penas de curta duração, que poderá ter resultado
“num sentimento de obrigação” por parte dos tribunais para “aplicarem
penas mais longas, sobretudo quando consideram a prisão necessária, como
nos casos de reincidência”. O documento
revela também que Portugal apresenta uma taxa de admissão baixa, mas a
população prisional mantém-se acima da média, “possivelmente devido a
penas médias mais longas ou à restrição de utilização de alternativas à
prisão”. Esta realidade, admite o Conselho da Europa, aumenta o risco de
sobrelotação ao longo do tempo. Em
relação às idades dos presos, a percentagem de reclusos com idades entre
os 18 e os 25 anos, em 2024, era de 6,2% - o valor mais baixo da
Europa. Segue-se a Chéquia e a Polónia com 7.7% e o país com mais jovens
nas prisões é a Suécia, com 28%. Por
outro lado, Portugal surge no pacote de países com mais presos com
idades entre 50 e 64 anos, em terceiro lugar, com 21%. À frente está a
Eslováquia, com 25%, e Itália, com 24%. Além disso, 4,1% da população
prisional em Portugal tem mais de 65 anos, ainda longe da Croácia, que é
o país com mais presos com mais de 65 anos - 9,8%.