Portugal e Espanha devem coordenar esforços para uso sustentável da água
29 de dez. de 2017, 10:30
— Lusa/AO online
A
recomendação consta no relatório, ontem divulgado, "Áreas-chave da
biodiversidade de água doce na sub-região do noroeste do Mediterrâneo" e
tem como um dos enfoques os recursos ribeirinhos transfronteiriços de
Portugal e Espanha, como os rios Douro e Tejo.A
organização (IUCN, na sigla em inglês) recomenda que Portugal e Espanha
apliquem na íntegra os princípios da Diretiva-Quadro da Água da União
Europeia e a Convenção das Nações Unidas para a Utilização dos Cursos de
Água Internacionais.De
acordo com o relatório, Portugal tem mais de 30 espécies em áreas
consideradas chave em termos de biodiversidade de água doce, e que
incluem peixes, plantas, insetos e moluscos, a maioria ameaçados.Estas
áreas, que não são transfronteiriças, estendem-se, nomeadamente, pelos
rios Arade, Mira, Sado, Vouga, Alcabrichel, Sizandro e Safarujo.Uma
das espécies, endémica de Portugal, é o ruivaco-do-oeste, que vive nos
rios Alcabrichel, Sizandro e Safarujo e a evoluir para o estado de "em
perigo" ou "criticamente em perigo", devido à poluição doméstica e
agrícola, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.Outra
espécie nesta condição é o molusco com o nome científico "Belgrandia
alcoaensis", do rio Alcoa, que nasce no concelho de Alcobaça.Portugal
e Espanha juntos têm mais de 80 espécies ameaçadas de peixes, moluscos,
insetos e plantas em "áreas-chave de biodiversidade de água doce",
banhadas pelos rios transfronteiriços do Douro, Tejo, Guadiana e Minho."Áreas-chave
de biodiversidade de água doce" são, por definição, locais importantes
para a manutenção global da biodiversidade de espécies e ecossistemas,
neste caso na sub-região do noroeste do Mediterrâneo.O relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza apresenta ainda resultados para França, Itália e Malta.A
lista das principais ameaças às espécies de água doce na sub-região
analisada inclui barragens e captações de água para irrigação e consumo
humano, espécies exóticas e poluição doméstica e agrícola.A
União Internacional para a Conservação da Natureza avisa que o aumento
da seca no sul da Europa, causado pelas alterações climáticas, levará
nos próximos dez anos a uma diminuição da população de uma espécie de
libelinha nativa de Portugal, Espanha e França, a "Macromia splendens".Portugal
faz parte da União Internacional para a Conservação da Natureza através
do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, da Associação
de Defesa do Património de Mértola, do Fundo para a Proteção dos Animais
Selvagens, da Quercus e da Liga para a Proteção da Natureza.A IUCN integra organizações governamentais e não-governamentais de mais de 170 países em defesa da conservação da natureza.