Portugal e Cabo Verde abrem corredor aéreo para voos essenciais
27 de jul. de 2020, 16:07
— Lusa/AO Online
O anúncio
foi feito em conferência de imprensa, na cidade da Praia, pelo ministro
dos Negócios Estrangeiros e Comunidades cabo-verdiano, Luís Filipe
Tavares, e pelo embaixador de Portugal em Cabo Verde, António
Albuquerque Moniz, que indicaram que os voos serão operados por
companhias dos dois países, nomeadamente a TAP, a SATA e a Cabo Verde
Airlines (CVA).Depois de 15 voos de
repatriamento nos últimos meses, que incluíam turistas retidos, os dois
países abrem agora a abrangência das ligações, com ligações essenciais,
por motivos de doença, negócios, estudos, profissionais, oficiais e
familiares.“Há um número muito
significativo de situações que é necessário resolver, nomeadamente a
situação dos doentes que são evacuados”, afirmou o embaixador, indicando
que nos últimos quatro meses já foram transferidos mais de 100 doentes
de Cabo Verde para Portugal.“À medida que o
tempo passa são várias outras situações de caráter humanitário, de
caráter profissional, de compromissos que não podem ficar por cumprir,
de razões familiares muito fortes, que nós temos procurado responder de
forma positiva”, sustentou António Moniz.Apesar
da interdição do espaço aéreo de Cabo Verde para voos comerciais e as
recomendações da União Europeia, o diplomata disse que Portugal “abriu
uma exceção” para voos dos Países Africanos de Língua Oficia Portuguesa
(PALOP) e alguns dos Estados Unidos. “Eu
não sei quando é que Cabo Verde vai abrir o seu espaço aéreo, mas pelo
menos enquanto não o faz nós iremos continuar a realizar esses voos,
para atender essas situações todas, nomeadamente de caráter humanitário e
muito urgentes que é necessário resolver”, previu.Por
sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo
Verde, Luís Filipe Tavares, disse que o pedido foi feito por Portugal,
tendo como condição exigida pelo Governo português a realização de
testes de virologia (PCR) nos dois sentidos.“Vamos
continuar a trabalhar para que tudo seja feito nas melhores condições
sanitárias”, perspetivou o chefe da diplomacia cabo-verdiana,
salientando que a operação será organizada ainda no quadro da Parceira
Especial que Cabo Verde tem com a União Europeia.“Para
quando viermos a abrir as nossas fronteiras, possamos dar continuidade a
operações do tipo com os demais países, com os quais nós temos relações
e, sobretudo, voos internacionais”, disse o ministro de Cabo Verde,
país que adiou de julho para agosto a reabertura das suas fronteiras,
mas ainda não precisou o dia no próximo mês.“Estamos
a trabalhar para reabrirmos as nossas fronteiras o mais rápido
possível. A promessa é abrirmos em agosto, vamos continuar a trabalhar
para que assim seja nos próximos dias, de acordo com a programação que
nós tínhamos feito”, prossegui o ministro, para quem isso vai depender
das condições sanitárias.Na primeira fase,
serão realizados pelo menos oito voos semanais, com origem e destino no
aeroporto de Lisboa e nos aeroportos da Praia (Santiago) e Mindelo (São
Vicente), segundo Luís Filipe Tavares.“São
voos com caráter humanitário muito forte e que permitirão que Cabo
Verde e Portugal continuem ligados económica e socialmente, o que é
extremamente importante”, salientou o ministro, explicando que os dois
países vão analisar a possibilidade de posteriormente realizar ligações
de outros aeroportos de Cabo Verde, nomeadamente da ilha do Sal.No
caso, por exemplo, de famílias e estudantes que já tinham adquirido
bilhetes de passagem para Cabo Verde em outras companhias não incluídas
no corredor, o embaixador de Portugal explicou que a TAP “não terá
privilégios” e que os pedidos de outras empresas serão atendidos “caso a
caso”.Por sua vez, o ministro afirmou que
“há mecanismos” entre as companhias aéreas para resolver esses casos,
garantindo que “por aí não haverá nenhuma dificuldade”, apontando o
facto de, até agora, centenas de estudantes terem regressado ao país
africano.Cabo Verde regista 2.307 casos de
infeção pelo novo coronavírus, dos quais 22 mortes, enquanto Portugal
contabiliza 50.299 casos e 1.719 mortes desde o início da pandemia.