Portugal e Brasil vão celebrar juntos 100 anos da travessia do Atlântico Sul
28 de set. de 2017, 17:39
— Lusa/AO online
O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças
Armadas falava durante uma cerimónia comemorativa dos cem anos da
aviação naval, em Belém, Lisboa, junto ao monumento que assinala a
travessia aérea realizada por Sacadura Cabral e Gago Coutinho no
hidroavião "Lusitânia", em 1922. "Quero realçar, pela sua
esmagadora grandeza e valor científico, a primeira travessia aérea do
Atlântico Sul, que celebraremos em conjunto com o Brasil em 2022, levada
a cabo por dois ilustres oficiais da Marinha: os heroicos, então
comandantes, Artur Sacadura Cabral e Carlos Gago Coutinho", declarou Marcelo Rebelo de Sousa. Antes,
o académico Cyrne de Castro, que foi aviador nos anos 50, pediu que
essa efeméride seja devidamente celebrada: "Este centenário merece que
nos empenhemos numa melhor consciencialização do significado daquele
feito aeronáutico e do que ele contribuiu para o prestígio de Portugal e
para o desenvolvimento da segurança na navegação aérea em todo o
mundo". "Dentro de cinco anos é daqui a pouco tempo", salientou o comandante, membro da Academia de Marinha. O
Presidente da República referiu que Gago Coutinho e Sacadura Cabral,
"mais do que atravessar o Atlântico num pequeno hidroavião, comprovaram o
rigor do seu sistema de navegação, pioneiro entre os demais e precursor
do irreversível progresso da navegação aérea". "Por isso, aqui
lhes rendo, uma vez mais, em nome de Portugal e de todos os portugueses,
a minha homenagem, não esquecendo o crucial papel do primeiro no
lançamento e direção no quadro da nova aviação naval", acrescentou. Marcelo
Rebelo de Sousa lembrou que a aviação naval portuguesa nasceu "naqueles
anos da Grande Guerra", quando "os submarinos devastavam no Atlântico e
no Mediterrâneo" e foi necessário "empregar as máquinas voadoras também
e sobretudo para garantir a guarda e o uso desse mar". "Apesar
da agitação política da época, dos avanços e recuos institucionais e das
dificuldades que pareciam inultrapassáveis, o labor e a perseverança de
meia dúzia de homens que foram o sustentáculo da aviação naval que se
esboçava, tornaram possível voar sobre o mar português", prosseguiu,
elogiando os "muitos e notáveis os serviços prestados ao país" até à sua
integração na Força Aérea. "A Marinha voltou a ter asas em 1993.
E, tal como no passado, rapidamente cresceu e afirmou, com afinco e
determinação, uma significativa aviação naval. Neste quase quarto de
século de existência do helicóptero naval, a esquadrilha de helicópteros
da Marinha é e continuará a ser uma unidade fundamental para as nossas
operações navais", considerou. Perante o ministro da Defesa
Nacional e as chefias militares da Força Aérea e da Marinha, o
Presidente da República concluiu: "Duas épocas distintas, a mesma
notável Armada, a mesma Marinha, servida por pessoas competentes e
temerárias. Mais uma vez se prova, e nunca é demais frisá-lo, que o
valor das instituições assenta na excelência das pessoas que nelas
servem". O chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Silva
Ribeiro, defendeu a "importância prática" de a Marinha possuir
capacidade aeronaval e apontou o trabalho conjunto como a Força Aérea
como "exemplo virtuoso e paradigmático de cooperação institucional",
afirmando que tem sido feito "de forma notável, sem mácula, sem
replicação de meios e de tarefas, e com economia de esforço e de
recursos". Durante esta cerimónia, que incluiu um desfile militar
e acrobacias aéreas, foi descerrada uma placa comemorativa e depositada
uma coroa de flores em memória dos mortos em serviço. Na
assistência esteve também, como convidado, o antigo ministro e
ex-presidente do CDS-PP Paulo Portas, acompanhado pela sua mãe, Helena
Sacadura Cabral, que é sobrinha de Artur de Sacadura Cabral.