Portugal deve rever acordo bilateral se EUA não clarificarem posição sobre as Lajes
18 de nov. de 2017, 12:55
— Lusa / AO online
"Consideramos
não apenas lógico, como perfeitamente concretizável, o anunciado
projeto de constituição na base das Lajes do centro de segurança
atlântica, que visa criar sinergias entre parceiros americanos e
europeus de Portugal em funções de formação, treino e outras para
cumprimento de missões ou objetivos comuns no quadro das alianças em que
nos inserimos ou mediante necessidades de países amigos", disse Vasco
Cordeiro. O chefe do executivo regional, que falava na sessão
solene de abertura do IV Curso de Segurança e Defesa, em Ponta Delgada,
considerou que aquele centro é, também, atempado "no confronto" com a
decisão norte-americana de reduzir a presença militar e civil nas Lajes e
no "contexto europeu atual". Vasco Cordeiro adiantou que, face
àquela decisão dos Estados Unidos da América (EUA), é hoje perfeitamente
claro que o modelo em que assenta a cooperação e defesa entre Portugal e
aquele país - "e que tem no Acordo de Cooperação e Defesa o seu
principal instrumento enformador - está nitidamente desfasado da
realidade mensurável". "O Acordo de 1995 previa, no caso específico dos Açores,
que a modalidade anterior de pagamento de uma verba diretamente
revertível para o Orçamento regional fosse substituída pela
possibilidade de desenvolvimento de projetos de cooperação de interesse
específico para a região", explicou. Porém, "os projetos de
cooperação apresentados não têm tido o apoio, financeiro ou outro,
comparável com a realidade anterior, enquanto os postos de trabalho e os
benefícios económicos são hoje infinitamente menos do que foram antes
da redução de 2013 e ainda menores que em décadas anteriores", sustentou
Vasco Cordeiro. Perante esta realidade, o presidente do Governo
Regional sublinhou que "a proposta de criação do centro de segurança
atlântica constitui uma oportunidade única e oportuna para a
clarificação do compromisso bilateral dos EUA para com Portugal, ao
manter, no Atlântico, uma cooperação forte no domínio da defesa,
adicionando, também, novas componentes e benefícios diretos tangíveis na
relação histórica com os Açores". Vasco
Cordeiro notou que "esta relação bilateral não se limita" a esta área,
para acrescentar ser evidente que as premissas do acordo "estão a
produzir mais-valias apenas para uma das partes, traduzindo-se, assim,
numa relação profundamente desequilibrada a favor dos EUA". "Cabe,
pois, a Portugal, se tal clarificação dos Estados Unidos não surgir,
desencadear os mecanismos para a revisão do Acordo de Cooperação e
Defesa", defendeu. Vasco Cordeiro realçou ainda a importância
deste centro quando, no quadro da União Europeia, "há um conjunto muito
importante de estados-membros que pretendem dar passos mais consequentes
quanto à Defesa europeia". "Como é sabido, estes países
notificaram, formalmente, o Conselho da União Europeia da sua intenção
de estabelecer uma cooperação estruturada permanente no domínio da
Defesa", referiu. Destacando que este é "um passo inédito na vida
da União que revela uma intenção formal, irreversível e estruturante de
prosseguir um caminho de aproximação de compatibilização das estruturas
e meios da Defesa dos vários estados-membros", Vasco Cordeiro sustenta,
por outro lado, que "abre, também, para Portugal uma oportunidade
importante" quanto ao centro de segurança atlântica. "Não nos
podemos esquecer que, à luz daquele compromisso, caberá a cada
estado-membro indicar, a breve trecho, os contributos nacionais a favor
desta cooperação estruturada", adiantou, pelo que, também nesta matéria,
a criação do centro de segurança atlântica deve constituir uma
mais-valia que Portugal pode capitalizar no seio da União Europeia e da
NATO.