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Geologia
Portugal contribui para primeiro mapa geológico online do planeta
Uma versão preliminar da Carta Geológica de Portugal será apresentada quarta-feira em Oslo, num congresso internacional de Geologia, no âmbito do maior projecto cartográfico mundial de sempre, disse à Lusa fonte do INETI.

Autor: Lusa/AO online
Através do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), Portugal participa - juntamente com os serviços geológicos de outros 78 países - no projecto de elaboração do primeiro mapa geológico online do planeta, chamado OneGeology, lançado por ocasião das comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra.

    A versão preliminar da Carta Geológica de Portugal à escala de 1/1.000.000, integrada na da Península Ibérica, "resultou de um intenso trabalho de compatibilização dos dados fronteiriços, uma tarefa elaborada em estreita colaboração com Espanha", explicou à agência Lusa Teresa Ponce de Leão, presidente em exercício do INETI.

    Entre outras actividades de carácter científico e tecnológico, aquele Laboratório do Estado tutelado pelo Ministério da Economia e Inovação é responsável pelo conhecimento da infra-estrutura geológica do país, dispondo de grande parte da cartografia geológica nacional em formato digital e em várias escalas.

    "A cartografia geológica digital à escala do projecto encontra-se em processo de compatibilização, estando actualmente em curso a definição optimizada dos critérios de uniformização", disse a responsável do INETI.

    O projecto OneGeology visa responder ao desafio de colmatar a falta de informação ou de dados actualizados sobre a geologia de algumas partes do mundo.

    Nesse sentido, será lançado em Oslo, no 33/0 Congresso Internacional de Geologia, o site www.onegeology.org, que conterá os dados de cartografia geológica existentes em todo o mundo - sob qualquer escala e seja qual for o formato digital em que se encontre - à escala 1/1.000.000, sendo também possível a integração de escalas de maior pormenor.

    É como se o planeta Terra fosse despojado da sua superfície, ou seja de toda a vegetação, da água, dos solos e de todas as construções humanas.

    "Os mapas geológicos são instrumentos essenciais para encontrar recursos naturais, como água, hidrocarbonetos e minerais, e para planear a mitigação de ameaças geológicas, nomeadamente sismos, vulcões e radón", afirmou em Londres Ian Jackson, Chefe de Operações do British Geological Survey e coordenador do OneGeology.

    "Os recursos naturais são uma fonte crucial de riqueza das nações e a identificação das ameaças geológicas é uma questão de vida ou de morte", acrescentou.

    Outros desafios do século XXI são a subida dos níveis dos oceanos e a identificação de estruturas geológicas profundas que possam servir para armazenar resíduos ou gases com efeito de estufa, sobretudo dióxido de carbono, como forma de lutar contra o aquecimento global.

    Para Ian Jackson, "é cada vez mais importante o conhecimento das pedras sobre as quais vivemos e a partilha desse conhecimento é crucial num momento de alterações ambientais globais".

    Tendo em conta que os vários membros envolvidos no projecto não possuem as mesmas capacidades científicas e tecnológicas, o OneGeology prevê também actividades concretas para a transferência de conhecimentos entre os vários países participantes.

    Teresa Ponce de Leão, que salientou à Lusa a crescente importância da participação do Instituto neste tipo de actividades científicas e técnicas de carácter global, referiu que a área de geologia constituirá uma das duas vertentes essenciais do futuro LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia, organismo que sucederá ao INETI no decurso do processo de reestruturação em curso.

    Participam no projecto OneGeology vários departamentos do INETI, estando Portugal representado no Congresso de Oslo pelo geólogo Luís Plácido Martins, da Divisão de Geofísica do instituto.