Portugal aposta em mostra em Paris para se "posicionar" no setor espacial
21 de set. de 2022, 07:14
— Lusa/AO Online
"Estamos
num momento muito importante do desenvolvimento desta nova era da
economia espacial. Olhamos para o espaço no domínio do conhecimento, mas
o espaço também é uma área de desenvolvimento de tecnologia e de
negócio. E Portugal tem de se posicionar", disse o presidente da Agência
Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, em declarações à agência Lusa.É
sob a égide da Agência Espacial Portuguesa que seis empresas
portuguesas estão em Paris, com espaço luso no 73.º Congresso
Internacional de Astronáutica, uma das maiores mostras mundiais de setor
espacial, que recebe cerca de 6.500 visitantes vindos de todo o mundo,
com 250 empresas e entidades públicas a exporem as últimas novidades no
que diz respeito à inovação no espaço.A
empresa portuguesa GeoSat posiciona-se neste encontro mundial procurando
novos clientes para os seus serviços de mapeamento espacial, mas também
ela própria como cliente, já que vai prosseguir a expansão da sua
constelação de satélites, tendo atualmente dois, após ter assinado um
acordo de 137 milhões de euros no âmbito do PRR."Estamos
à procura de novas oportunidades de negócios e novos parceiros com quem
possamos chegar ao mercado, especialmente em diferentes mercados
verticais como agricultura, mercado financeiro, gestão do território, e
posicionamo-nos também como clientes de alguns subsistemas que não são
desenvolvidos em Portugal e que vamos necessitar para os próximos
satélites", indicou Francisco Vilhena da Cunha, presidente executivo
(CEO) da GeoSat, que já trabalha com entidades na Europa, América Latina
e Ásia.Também a Neuraspace, que leva a
cabo gestão de tráfego espacial, está nesta mostra à procura de novos
clientes, tendo como ambição tornar o espaço mais seguro e mais
sustentável."Nós gerimos o lixo espacial,
mas também satélites ativos, porque precisamos de ter a certeza que eles
não colidem uns com os outros. O que nós fazemos é gestão do tráfego
espacial, mas sobretudo ter a certeza que o espaço é um lugar seguro.
Com a economia do espaço a crescer até um trilião em 2040, só
conseguiremos lá chegar se esta atividade for sustentável", declarou
Chiara Mafletti, diretora das operações da Neuraspace e ainda presidente
da Agência Espacial Europeia.Neste
encontro estão também as empresas portuguesas AIR Centre, TEKEVER,
Lusospace e OMNIDEA. Os Açores marcam presença com a Estrutura de Missão
dos Açores para o Espaço, tentando angariar empresas que queiram usar o
arquipélago como base de lançamentos."Há
algum interesse e curiosidade em perceber os próximos passos, mas
estamos muito recetivos a mostrar a região. Existem já algumas empresas
que têm interesse em realizar testes nos Açores e estamos a trabalhar no
sentido que as coisas se façam de forma coerente, segura e
sustentável", declarou Paulo Quental, coordenador desta estrutura.Mais
do que uma moda ou uma corrida ao espaço, é importante para Ricardo
Conde que este setor continue a desenvolver e a mostrar a sua utilidade
para os países e que continua a atrair investimento que vise um futuro
mais sustentável."Não devemos apostar no
espaço porque é ‘sexy’ ou porque está na moda, temos de olhar para os
problemas com que estamos confrontados e perceber se o espaço é uma
componente para compreender o que se passa, por exemplo, Portugal sofre
com as alterações climáticas ou questões de gestão do território, isto
tem de ser feito de cima e o espaço permite-nos isso", concluiu.