Porto espacial de Santa Maria “tem que acontecer para o ano”
17 de nov. de 2022, 11:50
— Nuno Martins Neves
O presidente da Agência Espacial Portuguesa afirmou que o Porto Espacial
de Santa Maria “tem que acontecer para o ano”. Em entrevista publicada
na edição de ontem no DN, Ricardo Conde reafirma a importância do
projeto na ilha açoriana e que até ao final do ano será dado um impulso
“muito significativo” para que se torne uma realidade”.“Vamos já a
partir do final deste ano dar um impulso muito significativo à
componente dos Açores... Eu diria que sempre houve uma interpretação
pouco séria daquilo que nós estávamos a falar. Gosto sempre de dizer que
os Açores, e em primeiro lugar Santa Maria, têm a possibilidade de ter
um pequeno ecossistema espacial que tenha várias valências”, afirmou.Entre
essas valências, tornar a ilha do grupo Oriental um ponto de retorno
dos satélites de baixa órbita. “Há vários projetos que vão ser erguidos
já a partir de janeiro [2023] em Santa Maria. Estamos neste momento à
espera de fazer a escritura de uma série de instalações, e iremos fazer
as infraestruturas para ser um ponto de retorno do espaço. E porque é
que digo de retorno, para já? Porque vamos avançar com o projeto do
veículo reutilizável europeu, que vai aterrar em Santa Maria, o Space
Rider”.Ricardo Conde aponta ainda na outras direções, como os voos
hipersónicos, que, diz, “serão muito importantes para aquilo que é o
futuro do transporte aéreo e espacial, os voos suborbitais, o lançamento
de rockets suborbitais”.Com isso, o presidente da Agência Espacial
Portuguesa quer reafirmar a importância de instalar um porto espacial em
Santa Maria, pois “o objetivo será lançar o porto espacial, a
capacidade de acesso ao espaço, adaptada às características daquilo que
for a procura do mercado”.E para Ricardo Conde, a concretização do projeto açoriano “terá que acontecer para o ano. Não vejo outra hipótese”.Questionado
sobre a importância que o porto espacial de Santa Maria terá dentro do
papel que Portugal quer desempenhar na indústria espacial, o responsável
máximo pela Agência Espacial Portuguesa explica que será mais uma
capacidade adicional do projeto lusitano.“Eu sei que é mais
emblemático vermos um rocket subir no espaço do que estarmos sentados ao
computador a receber dados de satélite. Tem outro impacto. Mas não tem o
mesmo impacto em dimensão económica. Ou seja, a dimensão económica em
si do porto espacial... é mais uma atividade a adicionar às várias que
Portugal tem. Agora, se vai ser a galinha dos ovos de ouro, isso
certamente não vai ser. É importante no sentido de afirmar uma
capacidade e eventualmente no futuro se desenvolverem capacidades”.