Porto de Abrigo preocupada com segurança e rendimento dos pescadores
21 de mar. de 2020, 21:50
— LUSA/AO online
Num comunicado enviado hoje às redações,
aquela organização de produtores da pesca, com sede na ilha de São
Miguel, alertou que, "atendendo às condições específicas das embarcações
local e costeira dos Açores, e que não é muito diferente a nível
nacional, o trabalho a bordo realiza-se em espaços reduzidos, onde é
impossível garantir o resguardo sanitário recomendado pela Direção Geral
da Saúde".Mesmo saindo "apenas com as
tripulações mínimas de segurança, a maior parte das embarcações não
dispõe de condições para evitar a propagação da covid-19, pelo que se
impõe realizar rastreio (testes de saúde pré-embarque), reforço das
farmácias de bordo e, em simultâneo, esclarecer os marítimos para que
evitem comportamentos de risco", sublinha o presidente da cooperativa,
Liberato Fernandes, que assina o comunicado."Somos
favoráveis à manutenção da atividade da pesca desde que salvaguardada a
segurança sanitária dos pescadores e, além dessa condição não estar
satisfeita, também não estão criadas as condições para a
autorregulação", refere.Para a cooperativa, "as situações de carência extrema podem favorecer comportamentos de risco e o incumprimento".Além
dos "rendimentos baixos, a pesca é o único setor da economia que não
dispõe de linhas de crédito bancário e as ajudas para os investimentos
apoiados pela União Europeia (Mar 2020) estão envoltas em muita
burocracia, de tal forma que se desconhecem projetos pagos, quando o
Programa tinha um horizonte temporal de seis anos (2014/2020)", alerta o
comunicado.A Porto de Abrigo refere ainda
que "as ajudas ao rendimento (Posei-pesca), relativas a 2019, tinham
candidaturas previstas para abrir a 20 de Março e encerramento a 30 de
abril", mas "estão paradas", pelo que defende um pacote de medidas de
"apoio imediato ao setor".Entre as
iniciativas que a organização de produtores da pesca quer ver
contempladas estão medidas de apoio "às empresas do setor (armadores e
comerciantes), como a abertura de linhas de crédito bancário" ou ainda
"o pagamento imediato do Poseima, com base nos valores pagos no ano
anterior e com as possíveis correções a serem feitas nas próximas
candidaturas".A "suspensão do pagamento dos seguros de acidentes pessoais e das embarcações" é outra das medidas defendidas pela cooperativa."Na
presente situação, o que a pesca mais precisa é de orientações claras e
regulação. Importa que todos os agentes da economia da pesca cumpram e
facilitem o cumprimento e que o governo aja com absoluta isenção e
transparência", sublinha o comunicado.Nos Açores há quatro casos positivos de covid-19.Em Portugal, há 12 mortes e 1.280 infeções confirmadas.O
novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou
mais de 271 mil pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 12.000
morreram.Depois de surgir na China, em
dezembro de 2019, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a
Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.Além disso, o Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.