“Porque havíamos de ser penalizados? Por fazer bem ao povo?”
31 de dez. de 2021, 10:25
— Lusa/AO Online
“Porque
havíamos de ser penalizados? Por fazer bem ao povo?”, interrogou-se
Jerónimo de Sousa, numa entrevista à agência Lusa, a propósito das
legislativas, quando questionado se receia uma penalização nas urnas,
tanto pelo apoio parlamentar a um Governo do PS desde 2015 como por um
efeito de voto útil à esquerda. Olhando
para os últimos anos, o líder comunista faz um balanço positivo da
experiência da “nova fase política da vida nacional”, como o partido lhe
chama, pelos “avanços, passos dados adiante, conquistas no plano dos
direitos”, como a gratuitidade dos manuais escolares, que “alguns
consideravam até impensável”, o apoio aos trabalhadores em ‘lay off’,
que “corriam o risco de perder um terço do seu salário”.“Podem
fazer juízos de valor que quiserem. Agora, significou muito para a vida
dos portugueses devido à intervenção e à proposta do PCP. O que leva a
uma conclusão óbvia: agora é necessário reforçar a CDU para conseguir
novos avanços”, disse, repetindo por mais duas vezes nesta entrevista a
defesa do reforço da Coligação Democrática Unitária, que integra PCP e
Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).Já
sobre um eventual “preço” eleitoral da participação dos comunistas na
“geringonça”, que resultou do acordo à esquerda entre PS, PCP, BE e PEV,
de 2015 a 2019, Jerónimo afirma-se de “consciência tranquila” e afirma
não recear penalizações.“Antes
pelo contrário é indesmentível e incontornável o papel que o PCP teve”,
começou por afirmar, deixando de seguida uma série de perguntas
retóricas: “Como é que pode ser penalizado quem lutou por aumentos
extraordinários nas reformas e nas pensões? Como é que se pode ser
penalizado por lutar por um salário mínimo mais justo? Pode ser
penalizada a força que levou que a direita sofresse uma derrota pesada
nas eleições de 2015?”Perante
um cenário de voto útil à esquerda, no PS, Jerónimo de Sousa admitiu-o,
mas insistiu na “consciência tranquila” e na confiança num bom
resultado nas eleições de 30 de janeiro.Se
os partidos da CDU forem penalizados por “fazer bem ao povo”, então
“alguma coisa está errada e não é o PCP, antes pelo contrário”, tendo em
conta o conjunto de propostas que os comunistas reclamam como suas no
período da “geringonça”, um conjunto de direitos que continuam a vigorar
e com os quais a direita “nunca se vai conformar”. A
hora de ir às urnas é, também, “a hora de prestar contas aos
eleitores”, que são os reformados, os profissionais de saúde,
professores, dos “micro, pequenos e médios empresários” que beneficiaram
das medidas aprovadas nos últimos anos.