"População prisional reduziu 18% nos últimos quatro anos"
2 de mar. de 2021, 16:06
— Lusa/AO Online
Francisca Van Dunem, que falava numa cerimónia em Caxias para assinalar o início este mês e em maio
de cursos para formação de mais guardas prisionais, frisou que naquele
período temporal de quatro ano foram introduzidos no sistema prisional
mais de 400 efetivos."Se em 2015 tínhamos
uma ratio reclusos guarda de 3,4 iremos agora ter uma ratio abaixo dos
3, na ordem dos 2,7", notou a ministra.Quanto
aos novos formandos que agora iniciam o curso, Francisca Van Dunem
disse esperar que a integração corresponda a "um movimento de reforço e
renovação sistemática dos recursos humanos afetos aos serviços
prisionais", em que o Ministério da Justiça está "profundamente
empenhado".A ministra defendeu que ser
guarda prisional "não é uma carreira pela qual se passe
transitoriamente" e "da qual se mude", argumentando que é "uma carreira
perene em que se pode viver toda uma vida". "Toda
uma vida fazendo o mesmo: velando pela segurança dos espaços prisionais
e daqueles a quem o Estado através dos tribunais privou de liberdade.
No nosso sistema de execução de penas os membros do corpo da guarda
prisional são a primeira face do Estado no quotidiano das reclusas e dos
reclusos", considerou Francisca Van Dunem
disse ser "suposto que os novos reforços da guarda prisional sejam
"firmes e determinados na ação", mas que ao fazê-lo tenham sempre em
perspetiva o respeito pelos direitos fundamentais. "E
não é apenas porque o nosso sistema prisional é periodicamente avaliado
por instâncias nacionais e internacionais. Devemos fazê-lo por respeito
à Constituição da República, da Constituição que afirma a dignidade de
todos os seres humanos, e em obediência à filosofia de ressocialização
que enforma o nosso sistema punitivo", enfatizou. Em seu entender, a evolução do sistema prisional português é "uma marca civilizacional". "Chegámos
a este momento no termo de uma longa história. Orgulhámo-nos da
tradição humanista de Portugal, que esteve na vanguarda da abolição da
pena de morte na segunda metade do século XIX, facto que mereceu o
aplauso do mundo", lembrou ainda. Nas
palavras da ministra, a afirmação constitucional da dignidade de todos
os seres humanos implica "a proibição da prisão perpétua, da tortura, de
tratamentos desumanos ou degradantes".
Segundo Francisca Van Dunem, a missão do Estado é aí central e
insubstituível porque é dele a primeira responsabilidade de assegurar
aos reclusos uma existência digna e de zelar pela criação de condições
que os capacitem e reforcem para enfrentar o tempo do retorno à
liberdade."Para que se tornem aptos a retomar a vida em liberdade num quadro de opções que debilitem o risco de reincidência", apontou. A
ministra declarou ainda: "O sistema prisional é também "o espelho da
sociedade que somos, qualificando-nos, ou não, como seres humanos, na
responsabilidade solidária que a dimensão coletiva da nossa humanidade
encerra". Assim, prosseguiu, constitui
"obrigação do Estado, nesse período criar o ambiente e identificar as
respostas adequadas a quebrar do ciclo que as levou ao crime,
tornando-as mais aptas para a justiça, e ajudando-as a reconfigurar as
suas vidas no futuro".Francisca Van Dunem
disse contar com "a intensidade e retidão" da vontade dos novos
formandos para "melhorar sempre um regime de continuidade" e a qualidade
do nosso sistema prisional. A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais inicia este mês e em maio a formação de 154 guardas prisionais.A
ministra da Justiça assiste esta tarde à abertura do Curso de Formação
Inicial da Carreira de Guarda Prisional (CFICGP) de 2021, que se realiza
em duas edições, uma com início em março e outra em maio. A
formação vai contemplar 154 formandos(75 na primeira edição e 79 na
segunda), dos quais 125 são homens e 29 mulheres, oriundos de todo o
território nacional (Continente e Regiões Autónomas dos Açores e da
Madeira).O CFICGP 2021 terá a duração de
nove meses, sendo quatro de formação teórico-prática e os restantes
cinco em contexto real de trabalho em 10 estabelecimentos prisionais
(EP) (dois EP femininos e oito masculinos).