Ponte Maria Pia, no Porto, faz 140 anos com projeto "em estudo"
3 de nov. de 2017, 17:23
— Lusa/AO online
Em declarações à Lusa a propósito dos
140 anos da travessia que se assinalam no sábado, Eduardo Vítor
Rodrigues lembrou que, em 2016, a Câmara de Gaia investiu 70 mil euros
na instalação de um parque dedicado ao exercício físico no antigo canal
ferroviário, por onde passaram os comboios sobre o Douro durante 114
anos (até 1991, altura em que entrou em funcionamento a ponte de São
João). Quanto à "eventual utilização da ponte de D. Maria Pia
para circulação pedonal e de bicicletas, é um projeto que está em estudo
e necessita de consenso entre as duas autarquias [Gaia e Porto], mas
depende também de outros organismos e das formas de financiamento",
referiu o autarca. Sem fornecer mais detalhes sobre o projeto
para a travessia inaugurada em 1877, Eduardo Vitor Rodrigues destacou
ser "uma preocupação da Câmara de Gaia dar uma nova vida a este
importante marco da arquitetura e da nossa história". O autarca
acrescentou que o projeto de percurso pedonal e de bicicletas é uma das
"muitas opções que, num passado mais recente, têm sido pensadas no
sentido de dar uma nova vida a esta infraestrutura, uma importante obra
de arte da nossa região". "Já começamos esse caminho no final de
2016, com a inauguração dos novos equipamentos do Parque da Ponte Maria
Pia (que já aproveitou o antigo canal ferroviário desativado), num
investimento do município de Gaia na ordem dos 70 mil euros", lembrou o
autarca. "Este 'fitness park' veio responder aos anseios de
jovens e menos jovens, que aqui encontram boas razões para passear e
usufruir de equipamentos de educação física, prática de lazer ou para
uma simples caminhada", acrescentou. A Lusa questionou a Câmara
do Porto e a Infraestruturas de Portugal sobre o projeto de criação de
um percurso pedonal e de bicicletas na ponte Maria Pia, mas não obteve
qualquer resposta em tempo útil. Em dezembro de 2016, o JPN, o
jornal online da Universidade do Porto, citava o então vereador do
Urbanismo da autarquia portuense, o socialista Manuel Correia Fernandes,
de acordo com quem a autarquia estava a "finalizar um estudo que tem em
vista a construção de uma ecopista sobre o tabuleiro da Ponte Maria
Pia". Correia Fernandes dizia, na altura, tratar-se de "um
projeto partilhado com a Câmara de Gaia" e indicava a conclusão do
estudo prévio para a primavera de 2017 A Lusa tentou também, sem
sucesso, ouvir a Liga dos Amigos da Ponte Maria Pia, que em 2016, em
declarações à Lusa, apelou à reintegração da travessia no "circuito
citadino", indicando que "uma das formas de reutilizar a ponte era
usá-la como circuito pedonal" e promover "um circuito turístico desde a
Alfândega do Porto até Gaia". Inaugurada em 1877 pela rainha que
lhe deu o nome, a Ponte Maria Pia é considerada a primeira grande obra
do "mago" Gustavo Eiffel, tendo obtido um prémio internacional de
engenharia. Com 1.600 toneladas de ferro, foi laboratório de
soluções técnicas inovadoras para a época, como a conceção de um
tabuleiro de 54 metros sobre um arco único de 160 metros de corda. Na sua construção, ao longo de ano e meio, estiveram envolvidas cerca de 150 pessoas. Só
há duas pontes iguais, uma em França e outra na Alemanha, ambas
construídas posteriormente à estrutura que liga as duas margens do
Douro. Depois de desativada, vários destinos foram apontados à
Ponte Maria Pia, para além do seu desmantelamento, sem nenhum ter
chegado a avançar. Em 2004 foi mesmo assinado um protocolo com as
câmaras do Porto e Gaia para a transformação da antiga ponte
ferroviária em ciclovia, o que representaria um investimento de 1,5
milhões de euros, ainda sem ser cumprido. Em 2007 a Refer
assinalou os 130 anos da Ponte Maria Pia com o anúncio de um
investimento de dois milhões de euros na pintura da estrutura. Três
anos depois, em 2010, uma empresa de atividades ao ar livre tentou, em
vão, obter autorização para realizar saltos de bungee jumping daquela
ponte sobre o Douro. Já em 2013, e no âmbito do Concurso
Internacional de Ideias Norte 41, dois arquitetos propuseram a
relocalização da Ponte Maria Pia no interior do quarteirão da Companhia
Aurifícia.