Políticos europeus pedem Nobel da Paz para Presidente e povo ucranianos
Ucrânia
18 de mar. de 2022, 11:50
— Lusa/AO Online
Numa carta datada de
11 de março, os 36 signatários pedem ao comité para que
reabra, até 30 de março, o prazo para as nomeações para o prémio deste
ano, que terminou em 31 de janeiro, devido aos “acontecimentos
históricos e sem precedentes” na Ucrânia.“O
mundo está chocado com as imagens de guerra vindas da Ucrânia. Milhões
de famílias vivem agora com medo, as suas casas e meios de subsistência
ameaçados pelos bombardeamentos e por um exército invasor. Somos
testemunhas da coragem do povo da Ucrânia em resistir a esta guerra
travada pela Federação Russa”, afirmam na carta.Os signatários admitem tratar-se de uma alteração dos procedimentos do comité norueguês, mas consideram que se justifica.“É
nosso dever democrático fazer frente ao autoritarismo e apoiar um povo
que luta pela democracia e pelo seu direito à autogovernação”, afirmam.A
carta é assinada por 36 políticos europeus, maioritariamente dos Países
Baixos, mas também do Reino Unido, Alemanha, Suécia, Estónia, Bulgária,
Roménia, Eslováquia e Bélgica.A lista
inclui os ex-primeiros-ministros Guy Verhofstad, da Bélgica, e Andrus
Ansip, da Estónia, bem como atuais e antigos deputados ao Parlamento
Europeu.Segundo a vontade de Alfred Nobel,
o magnata sueco que instituiu os prémios com o seu nome, professores
universitários de direito, história e ciência política, deputados,
antigos laureados e membros de tribunais internacionais, entre outros,
podem nomear candidatos para o prémio da Paz.O
comité noruguês confirmou que há 343 nomeados para o prémio deste ano,
mas está obrigado a não revelar nomes de candidatos num prazo de 50
anos.A divulgação de nomes de candidatos só é feita por quem os propõe.Entre
os nomeados deste ano contam-se a ativista ambiental sueca Greta
Thunberg, a figura da oposição bielorussa Svetlana Tikhanovskaya, o Papa
Francisco, o Conselho Ártico e o movimento birmanês de desobediência
civil.Em 2021, o Nobel da Paz foi entregue
aos jornalistas Maria Ressa (Filipinas) e Dmitry Muratov (Rússia)
“pelos seus esforços para salvaguardar a liberdade de expressão, que é
uma condição prévia para a democracia e uma paz duradoura”.Muratov
é editor do jornal Novaya Gazeta, que optou por retirar do seu ‘site’
várias reportagens sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia para poder
continuar aberto, depois de ter recebido vários avisos das autoridades
de Moscovo.A decisão, anunciada no início
deste mês, foi sujeita a uma consulta interna, com cerca de 94% de votos
a favor da retirada de conteúdos “ilegais” para continuar a funcionar,
em vez de suspender a publicação, opção que recebeu 6,1% dos votos. A
votação foi organizada depois de o Ministério Público e o regulador dos
meios de comunicação social da Rússia, Roskomnadzor, terem exigido à
Novaya Gazeta e a outras empresas independentes para removerem conteúdos
que descrevessem os acontecimentos na Ucrânia como “invasão”, “guerra”
ou “agressão”.As autoridades russas designam oficialmente a invasão e guerra na Ucrânia por “operação militar especial”.