Política de ‘zero casos’ coloca economia chinesa aquém da meta oficial
Covid-19
14 de abr. de 2022, 11:10
— Lusa/AO Online
A China vai
apresentar, na segunda-feira, os dados de crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) no primeiro trimestre do ano. Os números de março dos
setores manufatura e serviços fazem prever, no entanto, dados aquém da
meta oficial.Esta semana, o
primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse num seminário que a pressão
sobre o crescimento se intensificou, e que as autoridades locais devem
agir com “senso de urgência” para estimular a economia, incluindo
através de projetos de infraestrutura e redução dos impostos para as
empresas.Em março, a atividade
manufatureira da China caiu para o menor nível em dois anos, devido às
interrupções causadas por medidas de prevenção contra o novo
coronavírus, segundo o índice mensal da Caixin/Markit, tido pelos
investidores como uma referência.“No
primeiro trimestre, o setor manufatureiro continuou a perder força,
enquanto o retalho foi também prejudicado, mesmo antes do início dos
bloqueios”, apontou Shehzad Qazi, diretor do China Beige Book, empresa
que rastreia os dados económicos do país.A
estratégia ‘zero covid’ da China “está destinada a constituir outro
vento contrário para um crescimento económico já em desaceleração”,
disse numa nota o banco de investimento francês Natixis.O banco prevê que a forte redução na mobilidade pode reduzir em 1,8% o crescimento durante o trimestre do ano.A
China continua a reagir a surtos de covid-19 com medidas rigorosas, no
âmbito da estratégia de ‘zero casos’, apesar dos crescentes custos
económicos e sociais. Estas medidas incluem o isolamento de todos os infetados em instalações designadas e o bloqueio de cidades inteiras.Entre
as regiões afetadas nas últimas semanas estão Xangai, a ‘capital’
financeira do país, o ‘hub’ tecnológico de Shenzhen e os importantes
centros industriais de Changchun e Jilin.A
China pode alcançar este ano uma taxa de crescimento entre 4% e 4,5% se
melhorar significativamente a taxa de vacinação, até ao final deste
mês, apontou a economista-chefe da Natixis para a Ásia-Pacífico, Alicia
García Herrero.Embora a China tenha
fornecido doses suficientes para cobrir quase 90% da sua população,
existem lacunas entre os idosos e nas áreas rurais.Iris
Pang, economista-chefe da empresa de serviços financeiros holandesa
ING, estimou, na semana passada, que o PIB de Xangai vai contrair 6% se
os atuais bloqueios persistirem durante este mês, o que se pode traduzir
numa perda de 2% para o conjunto da economia chinesa.O ING reviu anteriormente a estimativa de crescimento da China, para este ano, de 4,8% para 4,6%.No
último mês do trimestre, Shenzhen passou por um bloqueio de uma semana.
Xangai embarcou num bloqueio total, no final de março, que permanece em
vigor.Há vários anos que Pequim tenta
encetar uma reconfiguração no modelo económico chinês, visando maior
ênfase do consumo interno, em detrimento das exportações e do
investimento em grandes obras públicas.Mas as rígidas medidas de prevenção contra a covid-19 devem forçar o país a injetar mais estímulos.De
acordo com a agência de notícias Bloomberg, os governos locais
prometeram cerca de 2,3 biliões de dólares (2,1 biliões de euros) para
projetos de construção este ano.