"Política comercial da UE não deve ser campo de batalha de outras políticas"
9 de nov. de 2020, 18:30
— Lusa/AO Online
O ministro, que falava num ‘webinar’ sobre a
revisão da política comercial da UE, apresentou os princípios gerais da
posição de Portugal, salientando desde logo que o comércio “é um dos
grandes motores”, “gerador de emprego” e “instrumento importante da
redução das desigualdades” na Europa.A
política comercial deve assim ser, defendeu, “bem combinada com outras
políticas”, apontando nomeadamente que esta revisão “deve ser feita
tendo em conta” que a UE está nesta altura a reavaliar a sua política de
concorrência e a sua política industrial e a concluir a reforma da
Política Agrícola Comum (PAC).O ministro
frisou no entanto que a conclusão de acordos comerciais com países ou
blocos comerciais terceiros não deve ser “o campo para tratar de tudo”,
ser “sobrecarregada com todos os diferendos” e “com questões que
pertencem a outras políticas”.“Evidentemente
que há ‘standards’ ambientais que devemos respeitar, mas a política
comercial não é a área em que nós tratamos todas as questões ambientais.
Há ‘standards’ laborais que é preciso respeitar, mas a política
comercial europeia não é um sucedâneo de todas as questões de relações
internacionais que se colocam hoje na Organização Internacional do
Trabalho”, exemplificou.“Esses elementos
não-comerciais devem ser respeitados na política comercial, mas a
política comercial não pode ser sobrecarregada com todos os diferendos e
todas as divergências do mundo, porque, se o for, não conseguimos
concluir acordos, não conseguimos desenvolver o comércio internacional”,
afirmou.Noutro passo da intervenção, o
ministro defendeu que a coerência da política comercial europeia deve
ser garantida pela defesa da globalização bem regulada através das
organizações multilaterais, pela abertura comercial da UE, pela
reciprocidade e pela concorrência justa.Durante
a presidência portuguesa da UE, no primeiro semestre de 2021, Santos
Silva afirmou esperar “estar em condições de dirigir o processo de
elaboração de conclusões do Conselho [Europeu] sobre a revisão da
política comercial".Entre vários outros
dossiês da política comercial que recairão na presidência portuguesa, o
ministro apontou a 12.ª conferência ministerial da Organização Mundial
do Comércio (OMC), o acordo sobre a relação futura UE-Reino Unido e os
diálogos em curso com China, Estados Unidos ou México, assim como a
conclusão do processo relativo ao acordo com o Mercosul e o desbloqueio
nas negociações económicas entre a UE e a Índia.O
‘webinar’ (seminário por videoconferência) foi organizado pela
Representação da Comissão Europeia em Portugal, em parceria com o
Ministério dos Negócios Estrangeiros e a AICEP, no âmbito da consulta
pública em Portugal para a revisão da política comercial da União
Europeia.