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Polícias com gratificações em atraso desde o início do ano

Diversos agentes da PSP denunciam demora de meses em diversos serviços, como o HDES, Banco de Portugal e Arrisca, por exemplo. Há casos em que a dívida atinge os 3 mil euros, à custa de trabalhos fora do expediente.


Autor: Nuno Martins Neves

Diversas entidades, públicas e privadas, estão com as gratificações aos agentes da PSP em atraso, nalguns casos desde o início do ano, havendo polícias que têm a haver perto de 3 mil euros. As denúncias chegaram ao Açoriano Oriental, por intermédio de elementos da Polícia de Segurança Pública que pediram o anonimato.

Em causa trabalhos remunerados efetuados pelos agentes fora do horário de expediente, nas mais diversas entidades, como Banco de Portugal, Hospital do Divino Espírito Santo e Associação Arrisca, mas também em eventos desportivos e culturais.

“São trabalhos que os agentes fazem nas suas horas livres, sacrificando o seu descanso, a sua vida pessoal e familiar, porque tem necessidade de ter um extra no final do ano”, reconhece um dos agentes.

No entanto, o facto de estarem com tantas verbas em atraso desmoraliza e faz questionar se o esforço que estão a despender vale a pena. “Porque passamos estas horas a trabalhar, prejudicando o nosso bem-estar físico e mental, e chegamos ao fim do mês e não vemos a recompensa”, assume o mesmo polícia.

Segundo outro elemento da PSP, só na esquadra de Ponta Delgada há cerca de 50 agentes que fazem gratificados, um número que sobe para 80 se for tida em conta toda a ilha de São Miguel. Em média, os serviços gratificados rondam os 450 e os 650 euros, pelo que há polícias que têm a haver perto de 3 mil euros desde o início do ano.

“São valores muito altos, que fazem falta aos agentes e é algo que antigamente não acontecia”, reporta outro PSP. “Não sabemos se a entidade está a pagar ou não. Há uns anos, fazias o serviço em janeiro, recebias em março, a diferença chegava apenas a um mês de diferença”, acrescenta.

Tudo situações que vão aumentando o cansaço e a descrença dos agentes que fazem os gratificados, reconhece o mesmo elemento da PSP. “Existe uma sobrecarga muito grande, física e psicológica, sobre os agentes”, reitera, lembrando que só este ano, três polícias açorianos cometeram suicídio. “Não sei o que terá estado por trás dessa decisão, mas há um cansaço generalizado na força policial e situações como esta dos gratificados não contribuem positivamente”.