Polícia marroquina encerra a passagem de fronteira com Ceuta
Migrações
19 de mai. de 2021, 11:17
— Lusa/AO Online
Até agora, o Governo marroquino não se manifestou sobre o assunto. Na
terça-feira, centenas de pessoas concentraram-se em frente à passagem
de Tarajal, aproveitando qualquer distração policial ou qualquer
oportunidade para cruzar a fronteira.Hoje, as pessoas estão a fazer o caminho inverso, para o sul, depois de se convencerem de que os acessos estão mesmo encerrados.Como
a EFE pôde verificar, o último pontão que separa Ceuta de Castillejos
(por onde entraram milhares de pessoas nos últimos dias) está vazio,
enquanto os migrantes que entraram em Ceuta estão a ser devolvidos a
Marrocos.Forças antimotim marroquinas não
permitiram que ninguém se aproximasse do pontão, apesar das tentativas
ocasionais de grupos de pessoas de avançar.Segundo
depoimentos recolhidos de candidatos à migração que pernoitaram no
local, as autoridades marroquinas não lhes permitiram subir a colina
para tentar entrar na parte mais próxima do bairro El Príncipe.Até
ao momento, o Marrocos aceitou o retorno de 4.800 pessoas, cerca da
metade das pessoas que entraram entre domingo e terça-feira em Ceuta.Cerca de 1.500 menores não acompanhados encontram-se provisoriamente acolhidos em Ceuta.Ceuta
e Melilla, as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com
África, são regularmente palco de tentativas de entrada de migrantes,
mas a maré humana que ocorreu desde segunda-feira não tem precedentes.A
origem desta última crise entre Espanha e Marrocos está relacionada com
a permanência em Madrid do secretário-geral da Frente Polisário, Brahim
Ghali, por motivos de saúde.A Frente
Polisário, considerada como um grupo terrorista por Rabat, reivindica o
direito à autodeterminação no Saara Ocidental, território que foi
colónia espanhola e posteriormente ocupado pelo Marrocos. O
governo espanhol convocou o embaixador de Marrocos em Madrid para
exprimir "insatisfação" sobre a abertura das fronteiras que provocou a
entrada em Ceuta de milhares de pessoas. Entretanto, Marrocos chamou a embaixadora em Madrid para "consultas" em Rabat.