Polícia britânica identificou mais seis casos de crianças inglesas atacadas no Algarve
A polícia britânica revelou ter identificado mais seis casos de crianças inglesas atacadas sexualmente no Algarve, reforçando a convicção de que terá existido um pedófilo nos anos próximos ao desaparecimento de Madeleine McCann.

Autor: Lusa/AO online

 

Estes casos foram descobertos após um apelo público feito através da comunicação social, em março, relacionado com outros 12 casos assinalados anteriormente e que o detetive inspetor chefe Andy Redwood disse hoje terem um "número suficiente de características em comum", nomeadamente o método ou hora, para fazer acreditar que estejam relacionadas.

"O intruso não força a entrada nas casas e nada ou quase nada foi roubado", referiu hoje num encontro com jornalistas, aos quais revelou que desde março receberam mais de 500 novos telefonemas.

Ao todo, a Scotland Yard tem registo de 18 casos que envolvem crianças inglesas "brancas" com idades entre os seis e 12 anos, dos quais nove foram ataques sexuais concretizados e três estiveram quase, mas não chegaram a acontecer.

Três tiveram lugar na Praia da Luz, entre 2005 e 2010, cinco no Carvoeiro, entre 2004 e 2006, nove entre a Praia da Galé, Vale de Parra e São Rafael, no concelho de Albufeira, entre 2004 e 2008, e um em Vilamoura, em 2005.

Andy Redwood, que chefia a "Operação Grange", a investigação do desaparecimento de Madeleine McCann a cargo da Polícia Metropolitana britânica, adiantou que quatro dos casos não tinham sido reportados às autoridades portuguesas e mostrou-se interessado em saber pormenores sobre um incidente em particular, verificado no centro da Praia da Luz com uma criança de 10 anos.

"Não voltei a Portugal desde o último apelo, em março. Claramente, uma das coisas que estarei interessado em fazer no próximo encontro com a equipa de investigação [da Polícia Judiciária] do Porto é saber o que fizeram com toda esta informação", afirmou.

O responsável garantiu que todas estas novas descobertas foram partilhadas com a PJ, mas que só teve acesso a alguns dos processos de investigação das autoridades portuguesas, e admitiu que existam processos "perdidos" nas polícias locais que não sejam conhecidos pela PJ.

"Queremos consultar todos os processos para acrescentar à nossa investigação", justificou.

Na altura do apelo público feito pela Scotland Yard em março, fonte da PJ confirmou que a pista de um alegado pedófilo "corresponde à linha de investigação descoberta pela equipa da PJ liderada por Helena Monteiro" e que "a reabertura do inquérito" judicial surgiu na sequência da investigação de um suspeito.

"Essa linha de investigação foi dada a conhecer à polícia inglesa e aos pais de Maddie [Gerry e Kate McCann], em reunião realizada em outubro de 2013, nas instalações da PJ, em Lisboa", referiu.

Esclareceu ainda a fonte que "o inquérito continua aberto e a PJ prossegue a investigação com a reserva e discrição que a tem caracterizado", acrescentando que "a identificação de cinco situações com idêntico 'modus operandi' permitem admitir como possível que estes crimes tenham sido cometidos pelo mesmo autor e que este possa estar relacionado com o desaparecimento de Madeleine".

Em outubro, a Scotland Yard deu conta de uma série de linhas de investigação e retratos-robô, nomeadamente de um homem visto a transportar uma criança pequena nos braços na noite do desaparecimento na Praia da Luz e de uma série de homens de cabelo claro vistos a rondar as imediações do apartamento onde a criança inglesa estava alojada

Porém, não obteve qualquer informação que permitisse esclarecer aqueles avistamentos, nem descobrir quem levou a cabo uma série de roubos no complexo turístico naquele ano.

Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer quatro anos, a 03 de maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico na Praia da Luz, no Algarve.