O
diário Hürriyet assegurou que a Diyanet declarou terça-feira, na sua
página digital oficial, que a idade mínima de casamento era de nove anos
para as raparigas e 12 anos para os rapazes. A
declaração, apresentada sob a forma de uma nota explicativa relativa à
lei islâmica, foi depois retirada da página devido à polémica. Na
Turquia, a idade legal para contrair matrimónio está fixada nos 18
anos, com a lei turca a autorizar o casamento a partir dos 16 anos em
circunstâncias excecionais. Um
responsável da Diyanet, Ekrem Keles, afirmou na quinta-feira ao
Hürriyet que a idade mínima de casamento deveria ser de 17 anos para uma
rapariga e 18 anos para um rapaz. Estas
afirmações originaram uma intensa polémica na Turquia, onde apesar da
lei o casamento de crianças é uma realidade, e quando prosseguem as
medidas para uma melhor educação das raparigas. Gaye
Usluer, deputado do Partido Republicano do Povo (CHP,
social-democrata), principal formação da oposição no parlamento, acusou o
Governo de se interessar “pela forma de casar as crianças de baixa
idade quando são necessárias discussões sobre a educação e saúde das
crianças”. Grupos
de defesa dos direitos das mulheres também se insurgiram contra as
declarações da Diyanet, acusando-a de legitimar as agressões sexuais
contra as crianças. O
organismo de assuntos religiosos publicou de imediato um comunicado
afirmando que “nunca aprovou nem aprovará os casamentos de crianças”, e
que apenas se limitou a descrever a lei islâmica. De
acordo com a agência noticiosa France-Presse, os grupos de defesa das
mulheres manifestaram a sua inquietação pelo facto de esta declaração
surgir algumas semanas após a promulgação de uma lei que autoriza dos
‘muftis’, académicos religiosos empregados pela Diyanet, a celebrarem
casamentos civis. Homem
forte do país desde 2003, o Presidente Recep Tayip Erdogan tem sido
acusado por setores oposicionistas de pretender islamizar a sociedade
turca, um propósito que tem firmemente desmentido.