Pobreza e insucesso escolar preocupam Conselho de Ilha de São Miguel
14 de nov. de 2018, 07:16
— Lusa/AO Online
“São
Miguel é responsável pela maior fatia do insucesso escolar da região.
Temos de olhar para os números como exigentes representantes de pessoas
que gritam por soluções e para as percentagens como as gerações que são
penhoradas, comprometendo o futuro dos homens de amanhã e desta região”,
lê-se no memorando do Conselho de Ilha de São Miguel a que a Lusa teve
acesso.Esta
entidade, liderada por José Manuel Dias Pereira, vai reunir-se com os
membros do Governo Regional dos Açores esta quarta-feira, na Lagoa, no
âmbito da visita de trabalho do executivo à maior ilha do arquipélago.O
memorando do Conselho de Ilha de São Miguel cita o diagnóstico do
executivo açoriano, liderado pelo socialista Vasco Cordeiro, incluído na
Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social, que mostra
“uma ligação clara entre pobreza e educação”.“Quanto
menor a escolaridade de um indivíduo, maior a probabilidade de este ser
pobre, sobretudo se estiver enquadrado num agregado familiar em que os
adultos que contribuem para o rendimento familiar têm baixa escolaridade
(incluindo o próprio)”, adianta o documento.Segundo
o Conselho de Ilha, os números revelam que é em São Miguel, “e de forma
mais intensa em alguns concelhos, que se acentuam os indicadores de
pobreza, nomeadamente entre as crianças e jovens e entre os idosos”.“É
nesta ilha, com cerca de 56% da população da região, que se concentram
77% dos beneficiários de RSI [Rendimento Social de Inserção]”, refere o
documento.No
mesmo memorando, o Conselho de Ilha lamenta as “opções políticas de
duvidosa valia [que] foram tomadas, como a construção de escolas que
estão, sistematicamente, a perder alunos, tendo mesmo já passado de
média a pequena dimensão, e cuja manutenção pesa de forma colossal no
orçamento da educação desta região”.Apontando
o investimento que foi feito noutras ilhas a nível da Educação, o
documento quer saber para quando a concretização do “necessário reforço
diferenciado de recursos humanos e físicos para o justo benefício dos
alunos desta ilha, que representam mais de 60% da população escolar
açoriana”.Já
no âmbito da saúde, o documento sugere que “a melhoria da saúde dos
açorianos, particularmente dos micaelenses, passa, obrigatoriamente,
pela criação de planos regionais anuais ou bianuais, visando a educação
sanitária da população, em colaboração com profissionais de saúde, da
educação, das autarquias locais e meios de comunicação social”.Os
problemas ambientais também mereceram atenção, tendo sido identificadas
como áreas problemáticas a “deterioração da qualidade do ar” e “da
qualidade e quantidade da água e aquíferos”, a “redução da
biodiversidade e habitats”, a “erosão da orla costeira” e o “aumento dos
resíduos”.O
Conselho de Ilha integra os presidentes das assembleias e câmaras
municipais, bem como representantes de setores empresariais, movimentos
sindicais e deputados eleitos pelo círculo eleitoral da ilha.