PM russo diz na China que pressão ocidental aproxima os dois países
24 de mai. de 2023, 10:52
— Lusa/AO Online
A
visita de Mishustin ocorre numa altura em que a Rússia se está a voltar
cada vez mais para a China em busca de apoio diplomático e económico
para compensar o crescente isolamento internacional suscitado pela
guerra na Ucrânia.Em comentários
proferidos no início da reunião com o primeiro-ministro chinês, Li
Qiang, Mishustin não mencionou a guerra, que a China, em deferência a
Moscovo, recusou-se a criticar, concentrando-se antes na cooperação
económica entre os países vizinhos, que estabeleceram uma parceria
estratégica, visando desafiar a liderança dos Estados Unidos nos
assuntos globais.As relações entre os dois
países estão “a um nível sem precedentes”, influenciadas pelo “aumento
da turbulência no cenário internacional e pela pressão sensacionalista
imposta pelo Ocidente colectivo”, disse Mishustin.A
China afirmou ser neutra no conflito na Ucrânia e que quer desempenhar o
papel de mediador, mas mantém uma relação "sem limites" com a Rússia e
culpou o alargamento da NATO pelo conflito. As trocas comerciais entre
China e Rússia aumentaram 34,3% no ano passado, permitindo a Moscovo
atenuar os efeitos das sanções impostas pelo Ocidente.O
representante especial da China para os assuntos eurasiáticos, Li Hui,
reuniu com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e outros
funcionários do governo da Ucrânia, durante negociações em Kiev, este
mês. A visita seguiu-se a um telefonema no mês passado entre o líder
ucraniano e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, que Zelenskyy descreveu
como “longo e significativo” e que marcou o primeiro contacto conhecido
entre os dois desde o início da invasão russa.Pequim
divulgou um plano de paz em fevereiro que foi amplamente rejeitado
pelos aliados da Ucrânia, que insistem que as forças russas devem
primeiro retirar-se do território ucraniano. O plano de paz de 10 pontos
do próprio Zelenskyy inclui um tribunal para processar crimes de guerra
cometidos pela Rússia.Em Pequim,
Mishustin enfatizou o papel da Rússia como fornecedora de petróleo e gás
para a China e os laços históricos entre os dois países.“Os
povos da Rússia e da China valorizam a sua história, culturas e
tradições ricas. Apoiamos o desenvolvimento da nossa cultura, o
intercâmbio e a comunicação”, disse.As
palavras de Mikhail Mishustin surgem após os países membros do G7 (as
sete democracias mais industrializadas) terem emitido fortes críticas
contra os dois países, durante a cimeira do fim de semana passado, que
se realizou no Japão.