PM respeita, mas diz que não será esse direito legítimo que o fará desfocar
Greve Geral
Hoje 13:20
— Lusa/AO Online
“O
direito à greve é legítimo e sabemos conviver com ele, apesar dessa
estranheza. Evidentemente que não é pelo seu exercício que nos vamos
desfocar da nossa responsabilidade de neste momento tomarmos as decisões
que são necessárias, com o máximo consenso que for possível, para
cumprirmos a nossa obrigação de tornar o país mais competitivo, mais
robusto para enfrentar os próximos anos”, afirmou Luís Montenegro.No
seu discurso da cerimónia de entregas de prémios PME Excelência, que
decorreu no Pavilhão Multiúsos de Guimarães, distrito de Braga, perante
centenas de empresários, o primeiro-ministro apontou a fiscalidade, o
combate à burocracia e uma “legislação laboral mais flexível e amiga do
investimento” como os três vértices para que o país passe a crescer
mais.“Porque queremos dar o salto de 2%,
para 3% ou 3,5% ou 4% de crescimento do nosso produto. Porque queremos
que as nossas empresas possam ser efetivamente mais ágeis e possam
aproveitar o seu capital humano, estimulando a ser mais produtivo.
Queremos que a nossa economia seja mais competitiva e atrativa ao
investimento, porque queremos que não haja projetos a ficar por terra
porque haja hesitação relativamente a alguma rigidez excessiva em
algumas regras da legislação do trabalho”, explicou o chefe do Governo.Já
em declarações aos jornalistas, Luís Montenegro deu conta de que as
negociações estão em curso, sublinhando que a “base do acordo
significará sempre uma cedência de cada uma das partes.Questionado
sobre se assume sentar-se à mesa das negociações, juntando-se à
ministra do trabalho e fazer parte desta negociação, o primeiro-ministro
respondeu: “com certeza”.Luís Montenegro
lembrou também no seu discurso que “há muita gente em Portugal” que
questiona o momento destas alterações laborais, quando o país “está no
bom caminho, está a crescer, tem quase pleno emprego e tem aumentado
salários”.“Nós acreditamos que é
precisamente agora que temos condições que estamos a crescer, que temos
pleno emprego, que temos a situação financeira controlada, é agora que
temos a obrigação e devemos ter a coragem de transformar o mercado
laboral, não é de revolucionar, para dar às empresas, e dando às
empresas damos aos trabalhadores a oportunidade de poderem ter melhores
salários. É por isso que nós estamos a mexer nas leis laborais”, vincou o
primeiro-ministro, no seu discurso.Luís
Montenegro voltou a assumir estranheza pela marcação da greve geral para
11 de dezembro, num momento em que, no seu entender, o país reúne as
condições para avançar com as alterações laborais.“É
um pouco estranho, num país onde os salários sobem e sobem mais do que
nos outros países, num país onde os impostos sobre o rendimento do
trabalho descem e descem ao contrário do que acontece nos outros países,
num país onde o Governo chega a acordo só no âmbito da administração
pública, com 19 carreiras, ao contrário do que acontece com outros
países, num país onde há a tal situação de quase pleno emprego, é muito
estranho que haja uma greve geral. Confesso também que tenho alguma
dificuldade em perceber”, admitiu o primeiro-ministro.Montenegro
defendeu que, no que há legislação laboral diz respeito, é preciso
“corrigir alguns erros que foram cometidos” no passado.“E
temos naturalmente a consciência que o devemos fazer com o máximo de
diálogo e de concertação que for possível. E vamos fazê-lo, num
contexto, neste momento, que é o da concertação social, e fá-lo-emos num
contexto seguinte, na Assembleia da República”, frisou o chede do
Governo.