PM pede aos políticos humildade para ouvir cientistas e determinação para agir
2 de dez. de 2019, 18:55
— LUSA/AO Online
“Só há uma coisa a fazer que é ter a humildade
de ouvir a ciência e ter a determinação de exercer o poder que temos
para agir”, disse António Costa aos jornalistas depois da sessão de
abertura da Cimeira sobre as alterações Climáticas, conhecida como
COP25, que irá decorrer até 13 de dezembro na capital espanhola.Para
o governante português, “depois do que a ciência já disse é
incontornável aquilo que os políticos têm de fazer”, sendo impossível
que alguns ainda “virem a cara muito mais tempo” ou façam “como a
avestruz” e enterrem a cabeça na areia.António
Costa deu o exemplo de Portugal, que “nos últimos anos já perdeu 13
quilómetros quadrados de costa” devido à erosão marítima, tem enfrentado
um número “crescente” de incêndios florestais e, sobretudo no sul do
país, uma situação de seca severa.“Isto
são as realidades que confirmam o que a ciência nos ensina e, assim como
acontece em Portugal, acontece em todo o mundo”, afirmou o chefe do
Governo, que recordou a necessidade de o país fazer até 2030 “o esforço
mais exigente” da luta contra as alterações climáticas, como está
previsto no “roteiro” aprovado em Portugal.Trata-se da década “mais exigente”, porque 2030 é “assumido” pelos cientistas como o “ponto de não retorno”.“O
maior esforço tem de ser feito já, de forma a podermos evitar atingir o
ponto de não retorno”, insistiu António Costa, acrescentando que o
tempo até 2050 deve ser aproveitado para “completar o trajeto”, já sem
“esta espada por cima da nossa cabeça”.O
primeiro-ministro recordou que o país começou a investir nas novas
fontes de energia renováveis “há muitos anos atrás”, tendo na altura
havido pessoas que “não acreditavam” nas vantagens desse investimento
que, segundo elas, tinha “um custo excessivo para o desenvolvimento”.António
Costa acredita que Portugal pode continuar a “estar na frente” da luta
contra as alterações climáticas com a questão dos oceanos, os grandes
reguladores da temperatura à escala mundial.Portugal irá organizar em conjunto com o Quénia em junho de 2020 a segunda conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos.Por
outro lado, “nós fomos o primeiro país em 2016 a aprovar a neutralidade
carbónica em 2050 e espero que o Conselho Europeu [reunião dos líderes
da União Europeia] faça a mesma coisa para toda a Europa na semana que
vem”, numa reunião em Bruxelas, disse o primeiro-ministro.Para
o chefe do Governo “é fundamental para o mundo” que a União Europeia
mantenha uma “posição de liderança” na transição energética em curso.A
cimeira sobre o clima estava inicialmente prevista para se realizar no
Chile, mas no final de outubro o Governo chileno decidiu cancelar o
evento alegando não haver condições devido a um movimento de contestação
interna e de agitação civil.O Governo
espanhol avançou com a proposta de organizar a grande conferência anual
sobre Alterações Climáticas e conseguiu ter tudo pronto para a sua
inauguração, em Madrid, apesar de a presidência da reunião continuar a
pertencer ao Chile.