PM de França pronta a "construir" apesar de ser alvo de moção de censura
6 de jul. de 2022, 17:00
— Lusa/AO Online
"Uma
maioria relativa não é nem será um sinónimo de uma ação relativa. Não é
sem será um sinal impotência", garantiu hoje Elisabeth Borne que falou
hoje pela primeira vez na Assembleia Nacional na qualidade de
primeira-ministra.A líder do Governo
francês admitiu que não há acordo para uma governação estável, sem
hipótese de coligações para a força do Presidente, Emmanuel Macron, que
tem agora uma maioria relativa no Parlamento, mas que vai constituir
"uma maioria de projetos", dizendo ser uma mulher pronta a "construir a
França".A primeira-ministra disse que "o
Estado vai voltar a deter 100% do capital da EDF", empresa nacional de
eletricidade, definindo a meta de que a França seja a primeira potência
mundial a deixar de utilizar os combustíveis fósseis. Tal
como o Presidente tinha prometido na campanha das eleições
presidenciais, a taxa do audiovisual vai deixar de existir até ao final
deste ano, disse ainda.Entre as
prioridades para os próximos cinco anos estão ainda as melhorias do
poder de compra dos franceses, com Borne a dizer que vai começar uma
consulta com os sindicatos, apostando no pleno emprego.Tal
como o Presidente Macron já tinha sugerido, Borne disse que a infância
estará também na linha da frente, com 200 mil novas vagas nas creches
até 2027.Após vários escândalos no setor
dos lares para idosos, a primeira-ministra assegurou ainda mais apoios
aos mais idosos, assim como às pessoas com deficiência.Uma
vez que a primeira-ministra, ao contrário do que acontece
tradicionalmente em França, não pediu um voto de confiança aos
deputados, a esquerda já tinha apresentado uma moção de censura mesmo
antes de proferir o seu discurso no hemiciclo."Eu não correspondo, talvez, ao retrato 'robot' que certas pessoas esperavam", disse a primeira-ministra. "Calha
bem, vivemos uma situação inédita. Não tenho o complexo de mulher
providencial. Fui engenheira, trabalhei numa empresa, fui governadora
civil e ministra. O meu percurso seguiu apenas uma direção: servir. Só
tenho uma bússola, construir o meu país", adiantou.O
discurso da ministra aconteceu sob fortes protestos da oposição, com a
presidente da Assembleia Nacional recém-eleita, Yaël Braun-Pivet, a ter
de pedir vários vezes aos deputados para se acalmarem. No
entanto, não é a primeira vez que um Governo começa um mandato sem voto
de confiança, já que, perante outras maiorias frágeis, outros
primeiros-ministros como Pierre Bérégovoy em 1992, Édith Cresson em 1991
ou Michel Rocard em 1988 fizeram a mesma escolha.A
moção de censura apresentada hoje pela coligação de esquerda Nova União
Popular Ecológica e Social (NUPES) deverá ser discutida na sexta-feira
ou no início da próxima semana, não tendo para já o apoio da direita nem
da extrema-direita, o que inviabiliza a queda do Governo, já que seria
necessária uma maioria absoluta de 289 deputados.