PM britânico diz que talibãs serão julgados pelas suas ações
Afeganistão
18 de ago. de 2021, 13:06
— Lusa/AO Online
“Julgaremos este regime
pelas escolhas que fizer e pelas suas ações e não pelas suas palavras.
(Julgaremos) pelo seu comportamento face ao terrorismo, aos crimes e aos
estupefacientes, bem como pelo acesso humanitário e o direito das
mulheres a receberem educação”, declarou o líder conservador aos
deputados. Até ao momento, o Reino Unido
retirou 306 cidadãos britânicos e 2.052 afegãos após a tomada do poder
no Afeganistão pelo grupo extremista talibã, referiu Johnson.Na sessão na Câmara dos Comuns, Johnson indicou que o seu país também processou a documentação de 2.000 outros afegãos."As
autoridades do Reino Unido estão a trabalhar sem parar para manter a
porta de saída aberta nesta circunstância muito difícil e estão a
procurar ativamente por aqueles que acreditam terem direito (a sair),
mas que não estão registados (para serem retirados)", acrescentou.Boris
Johnson disse que o Reino Unido fará todo o possível para ajudar os
afegãos que apoiaram as forças do seu país e evitar uma crise
humanitária no Afeganistão."Faremos tudo o
que pudermos para apoiar aqueles que ajudaram a missão do Reino Unido
no Afeganistão, investiremos tudo o que pudermos para apoiar uma grande
área ao redor do Afeganistão e para prevenir uma crise humanitária",
declarou ainda Johnson.Johnson reconheceu
que os eventos no Afeganistão aconteceram mais rápido do que "até mesmo
os talibãs previam", mas insistiu que o Governo britânico tinha uma
retirada planeada."O que não é verdade é
dizer que o Governo do Reino Unido não estava preparado ou não previu
isso", enfatizou Johnson, relatando que a difícil operação logística
para retirar cidadãos britânicos do Afeganistão estava em andamento "há
muitos meses".O primeiro-ministro
britânico lembrou que há quase 20 anos os Estados Unidos sofreram o
"ataque mais catastrófico contra a sua população desde a II Guerra
Mundial, no qual também 67 cidadãos britânicos perderam a vida nas mãos
de grupos terroristas assassinos gerados no Afeganistão".Johnson
também informou que espera convocar nos próximos dias uma reunião
virtual do G7 (os países mais ricos do mundo) para tratar da crise
afegã. “Concordamos que seria um erro para
qualquer país reconhecer um novo regime em Cabul prematuramente ou
bilateralmente", declarou Johnson.O
Governo britânico anunciou na noite de terça-feira o lançamento de um
novo dispositivo destinado a receber, "a longo prazo", 20.000 refugiados
afegãos, sem especificar uma data.A
retirada de afegãos e estrangeiros, que se encontravam no Afeganistão,
precipitou-se desde domingo, quando as forças talibãs tomaram o poder em
Cabul instaurando um Emirado Islâmico.O avanço das forças talibãs intensificou-se desde maio, quando começou a retirada das forças dos Estados Unidos.A retirada dos militares norte-americanos foi negociada em fevereiro de 2020.