PM britânico alerta para "nova ameaça" terrorista de ataques individuais
21 de jan. de 2025, 10:43
— Lusa/AO Online
"Precisamos
de um inquérito, porque estamos a lidar com um novo tipo, uma ameaça
diferente de violência extrema individualizada, e temos de ter as leis e
o enquadramento necessários para lidar com ela", afirmou.Starmer
falava numa conferência de imprensa, transmitida pela televisão e redes
sociais, sobre a resposta do Governo ao ataque de Southport, em julho
passado, no qual morreram três crianças e 10 pessoas ficaram feridas,
incluindo oito crianças.O autor, Axel
Rudakubana, 18 anos, declarou-se culpado na segunda-feira no Tribunal
Penal de Liverpool de todas as acusações, estando a leitura sentença
prevista para quinta-feira. O jovem admitiu também a posse de rícino, uma substância tóxica, e de um manual de treino da organização terrorista Al-Qaeda. O
chefe do Governo britânico assumiu ser legítimo que este ataque seja
considerado terrorista, algo que a polícia evitou classificar por não
ser conhecida a intenção do autor do ataque. "A
verdade é que este caso é um sinal de que o Reino Unido enfrenta
atualmente uma nova ameaça. O terrorismo mudou", afirmou Starmer, num
discurso esta manhã em Londres, na residência oficial, em Downing
Street. Para além de grupos organizados,
disse, existe agora a ameaça de "atos de violência extrema perpetrados
por [pessoas] solitárias, marginais, jovens que, no seu quarto, acedem a
todo o tipo de material na Internet, desesperados por notoriedade, por
vezes inspirados por grupos terroristas tradicionais, mas fixados nessa
violência extrema, aparentemente por si só", descreveu. Starmer
afirmou que as autoridades devem estar preparadas para identificar
estas pessoas, e que, por isso, "se a lei tiver de ser alterada para
reconhecer esta nova e perigosa ameaça, então mudá-la-emos e
rapidamente, e também reveremos todo o nosso sistema de combate ao
extremismo".Uma questão a abordar deve ser
a existência de conteúdos violentos ou perigosos disponíveis de forma
gratuita na Internet, criticou.O Governo confirmou notícias de que o jovem foi referenciado três vezes para o programa anti-extremismo Prevent em 2019 e 2021. "Em
cada uma dessas ocasiões, foi decidido que ele não atingia o limiar de
intervenção, uma avaliação julgamento que estava claramente errada",
admitiu Starmer. Na segunda-feira, a
ministra do Interior, Yvette Cooper, anunciou a realização de um
inquérito para público iria "chegar à verdade sobre o que aconteceu e o
que precisa de mudar".O líder do Partido
Reformista, Nigel Farage, acusou as autoridades de encobrimento da
informação sobre os antecedentes de Rudakubana, mas Starmer reiterou
hoje que não revelou essa informação antes para evitar prejudicar a
investigação policial e o julgamento.No
dia seguinte ao ataque, e pouco depois de uma vigília pacífica pelas
vítimas, um grupo violento atacou uma mesquita perto do local do crime,
atirou tijolos e garrafas aos agentes da polícia e incendiou viaturas
policiais.Na origem dos protestos terão
estado rumores de que o suspeito era um requerente de asilo que tinha
chegado recentemente ao Reino Unido de barco, o que era falso.Os
tumultos violentos alastraram a dezenas de outras cidades ao longo da
semana seguinte, quando grupos mobilizados por ativistas de
extrema-direita nas redes sociais entraram em confronto com a polícia e
atacaram hotéis que alojavam migrantes.Mais de 1200 pessoas foram detidas por causa dos distúrbios e centenas foram condenadas a penas de prisão até nove anos.