Plutão tem uma atmosfera sazonal que desaparece na forma de geada no inverno
10 de mai. de 2019, 18:31
— Lusa/AO online
Os autores do estudo,
incluindo o astrofísico Pedro Machado, do Instituto de Astrofísica e
Ciências do Espaço (IA), que divulgou os resultados em comunicado,
analisaram dados da atmosfera de Plutão obtidos entre 2002 e 2016."Este
período coincidiu com o verão no hemisfério norte de Plutão, onde
predominam os reservatórios de gelo de azoto, que sublimam [passam
diretamente do estado sólido para o gasoso] pela exposição e proximidade
ao Sol", refere o IA, assinalando que a atmosfera, ainda que um "ténue
envelope de gás" produzido pela "sublimação periódica dos gelos de
azoto", começará "a condensar [a passar do estado gasoso para o líquido]
e a desaparecer na forma de geada" devido à sua "natureza sazonal".Segundo
Pedro Machado, citado no comunicado do IA, Plutão perde atmosfera como
os cometas, uma vez que, sendo um corpo de pequena massa, as moléculas
de azoto "atingem a velocidade de escape com muita facilidade"."O
que irá acontecer agora é que as temperaturas estão a baixar e as
moléculas de azoto começam de novo a formar cristais perto da
superfície, num processo semelhante à geada de água na Terra", afirma o
astrofísico.Os dados obtidos resultam das
11 vezes em que Plutão passou diante de estrelas. Neste caso, a luz das
estrelas, embora escondida da Terra por Plutão, é desviada pela
atmosfera deste último na direção do observador na Terra, explica o
Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.Os
astrofísicos inferiram, então, as características da atmosfera do
planeta-anão através da luz das estrelas que atravessou a sua atmosfera.A
equipa de Pedro Machado contribuiu com duas observações feitas no
observatório astronómico do Centro Ciência Viva de Constância e no
processamento e análise de dados.O estudo foi publicado hoje na revista da especialidade Astronomy and Astrophysics.