Plano de prevenção de dependências dos Açores quer envolver várias entidades
19 de nov. de 2021, 18:39
— Lusa/AO Online
“Entendemos
que este plano deve ser implementado junto das pessoas e junto de todos
os meios nos quais há um maior risco e prova de consumo. A Educação é
decisiva, todos temos essa consciência. É nas idades mais jovens que é
importante intervir no sentido da prevenção”, avançou o titular da pasta
da Saúde, Clélio Meneses, em Angra do Heroísmo, na apresentação da
proposta de Plano de Prevenção das Dependências para o período entre
2021 e 2024, que ainda terá de ser aprovada pelo Parlamento açoriano.Segundo
Clélio Meneses, o consumo de substâncias aditivas nos Açores é
preocupante e obriga a passar das "palavras políticas" para "uma ação
concreta”.“Para combater este problema tem de ser através da prevenção e entrando pela sociedade dentro”, frisou.Em
2017, “os Açores foram a região do país com a mais alta taxa de
incidência de consumo de substâncias aditivas e aquela que mais
cresceu”.“Em 2012, representava 3,3% da
população e em 2016/2017 já representava 7,4% da população. Estamos
perante um crescimento significativo”, frisou o governante, referindo-se
a dados segundo dados do Serviço de Intervenção nos Comportamentos
Aditivos e nas Dependências (SICAD).Em
relação à faixa etária entre os 13 e os 18 anos, dados de 2019, do
SICAD, colocam os Açores acima da média nacional, tanto no consumo ao
longo da vida (17,3% contra 15% a nível nacional), como no consumo nos
últimos 12 meses (15,2% contra 13,5% a nível nacional).A
região superou os níveis nacionais no consumo de cannábis (14,1%), de
drogas em geral (4,9%), de cocaína (3,4%), de crack (1,6%) e de heroína
(1,2%).Entre outras medidas, o plano hoje
apresentado integra várias ações de formação e sensibilização em
contexto escolar e desportivo, mas também em contexto de diversão
noturna e junto de associações culturais e juvenis, como filarmónicas e
grupos de escuteiros.“Este plano tem a
particularidade que me parece que é decisiva para o seu sucesso. Não é
um plano meramente conceptual, prevê ações concretas, medidas concretas,
datas e entidades locais”, sublinhou Clélio Meneses.Está prevista também uma maior colaboração com o poder local, que está mais próximo das populações.“É
nas freguesias, através dos seus presidentes, que se percebe a
realidade local de uma forma mais próxima. São muitos os presidentes de
junta que nos procuram e nos contactam com dramas com que não sabem como
agir”, explicou o secretário regional da Saúde.Ouvido
à margem da apresentação, o diretor regional da Prevenção e Combate às
Dependências, Pedro Fins, disse que a ilha de São Miguel é a que a causa
maior “preocupação”, sobretudo, devido a um crescimento de consumo de
drogas sintéticas.“Houve um grande ‘boom’
nesta fase de confinamento, porque nas drogas ditas clássicas houve um
maior controlo fronteiriço e dificuldade de chegarem. Sendo as drogas
sintéticas de mais fácil aquisição, naturalmente houve um aumento, que
nos preocupa imenso, que nos é reportado por vários presidentes de
junta”, adiantou.O diretor regional
considerou, por isso, que o plano deve ser implementado “o mais
rapidamente possível”, para intervir, sobretudo, junto dos mais jovens.“É
urgente começarmos já a trabalhar em consonância com outras direções
regionais, para termos uma ação conjunta, de modo a que tenhamos um
maior impacto junto da população”, apontou.O
plano arrancará com comissões para a dissuasão das toxicodependências
em São Miguel, Terceira e Faial, mas o executivo açoriano pretende
alargar estas equipas a mais ilhas.“Temos
de aguardar e ver como é que se pode equacionar e operacionalizar. Seria
benéfico existir em todas as ilhas. É uma grande pretensão e é para lá
que caminhamos, embora tenhamos consciência de que existe um longo
trabalho pela frente”, revelou Pedro Fins.