Plano de ação para os media prevê fim da publicidade na RTP em 2027
8 de out. de 2024, 11:29
— Lusa/AO Online
O
fim da publicidade da RTP, que será um processo gradual, é uma das 30
medidas do Plano de Ação para a Comunicação Social que será apresentado esta terça-feira pelo ministro da tutela, Pedro Duarte, e uma das quatro relativas à
empresa."Os canais de televisão da RTP
deverão gradualmente, durante os próximos três anos, eliminar a
publicidade comercial das suas grelhas". Paralelamente, a redução do
tempo dedicado à publicidade comercial deverá ser compensado com espaços
de promoção e eventos culturais, de acordo com o plano.Tal
acontecerá nos próximos três anos, prevendo-se a eliminação total da
publicidade em 2027, com redução de dois minutos/hora em 2025 e 2026. O
custo estimado total é de 20 milhões de euros e o impacto da redução de
receita na RTP será de cerca de 6,6 milhões de euros por ano, ao longo
de três anos. Os objetivos da medida são
"criar condições para que a RTP, nas suas grelhas de programação, se
concentre na prestação de Serviço Público sem que, para tal, esteja
dependente de receitas publicitárias de natureza comercial" e
"diferenciar a oferta proporcionada" pela empresa pública de media, "em
alternativa e não em competição, com as outras ofertas existentes no
mercado".O fim da publicidade era uma medida há muito reclamada pelos operadores privados. Uma
segunda medida aplicada ao grupo de rádio e televisão públicas é o
plano de reorganização e modernização, que terá um custo máximo de 19,9
milhões de euros, sendo que as indemnizações por saídas voluntárias têm
uma "poupança estimada de 7,3 milhões de euros por ano".O
plano de saídas voluntárias da RTP tem como teto a saída de 250
trabalhadores, com a contratação de um novo trabalhador com perfil
diferente - digital - por cada duas saídas.A
medida, com entrada em vigor já este mês, tem como objetivo
"proporcionar um contexto de modernização e gestão mais eficiente dos
recursos da RTP, assente em tecnologia e em soluções digitais que
preparem a RTP para a sua afirmação presente e futura", segundo o
documento."Compete ao Governo incentivar
as melhores práticas de gestão e dar todas as condições para que as
estruturas de direção e os colaboradores da RTP as possam aplicar" e
"estaremos empenhados nesse processo, designadamente, através de novas
sinergias com a Lusa (sem fusão de empresas ou de redações) e de uma
maior autonomia na gestão de pessoal (nas contratações e nas saídas
pré-reforma voluntárias), na gestão da tesouraria ou na rentabilização
de terrenos e instalações não-produtivas", lê-se no texto. De
acordo com o plano, "tudo isto proporcionará as condições necessárias
para a aceleração da implementação do Plano Estratégico 2024-2026 da
RTP, designadamente, apostando-se nas soluções e plataformas digitais".O
novo Contrato de Concessão de Serviço Público (CCSP) da RTP, cuja
revisão está em atraso desde 2015, é outra das medidas, com o Governo a
assumir que será "mais flexível, sem comprometer as obrigações" do
Serviço Público."Em articulação com o seu
Conselho de Administração e com os seus trabalhadores, e tendo em conta
as considerações do Livro Branco do Serviço Público, impulsionar-se-á o
nascimento de uma nova RTP, próxima das necessidades e expectativas dos
públicos de hoje e de amanhã", lê-se na informação a que a Lusa teve
acesso.Prevê a inovação nos modelos de
oferta dos seus conteúdos e na valorização de soluções inspiradas na RTP
Play e nas delegações e centros de produção descentralizados. "A
RTP deve aproximar-se dos portugueses, com mais conteúdos e
protagonistas locais e com ofertas mais direcionadas para os diferentes
públicos", segundo o plano.A proposta do novo contrato será assinada até final do ano.Por
último, a quarta medida relativa à RTP diz respeito ao combate à
desinformação e mecanismo de verificação de factos e será aplicada
imediatamente após a revisão do CCSP."Num
momento em que o combate à desinformação e às 'fake news' é essencial
para a democracia, o Governo, tal como se comprometeu através do seu
programa, também se une a este esforço, incentivando a criação de uma
plataforma de verificação de factos da RTP, que se assuma como parte
integrante da sua missão de Serviço Público", lê-se no documento.