PJ investiga existência de lista de emails recolhidos em ataque informático
21 de dez. de 2017, 12:46
— Lusa/AO online
A
revista Sábado avança na sua edição de hoje que milhares de endereços
de email e as respetivas ‘passwords’ de funcionários públicos, quadros
de bancos, grandes empresas e clubes de futebol estão a circular na
Internet em duas listas.Em
declarações hoje à agência Lusa, o diretor do Combate ao Crime
Informático da Polícia Judiciária (PJ), Carlos Cabreiro, disse que a
força de segurança teve “informação da existência da suposta lista e,
com base nisso, foi iniciada uma investigação”.Segundo
as listas a que a revista Sábado teve acesso, estarão a circular na
internet endereços e ‘passwords’ de funcionários de várias áreas da
administração pública: Ministérios, Forças Armadas, parlamento,
Ministério Público, PJ, juízes, Autoridade Tributária e Comissão
Nacional de Eleições, mas também bancos, hospitais, transportadoras,
sociedades de advogados, empresas do PSI20 e também comunicação social.Os
endereços “terão sido recolhidos nos últimos anos em ataques a redes
sociais e em outros sítios na Internet que impliquem um registo com um
email e uma ‘password’”.A
Sábado adianta que as duas listas estão a circular na chamada ‘dark
net’ – uma parte da Internet que só é acessível através de um ‘software’
específico – com as designações ‘Exploit.in’ e ‘Anti-Public’.“Segundo
o centro de cibersegurança da Nova Zelândia, a primeira lista terá sido
compilada em meados de 2016 e a segunda começou a circular no final do
mesmo ano. No entanto, só terão sido detetadas em maio de 2017”, escreve
a revista.Ao
todo, as listas “têm mais de mil milhões de endereços e ‘passwords’
recolhidas nos últimos anos a ataques a redes sociais como o Facebook,
Linkedin e Twitter ou a ‘sites’ de armazenamento de dados como o Dropbox
ou outros que impliquem um registo”.O
objetivo dos piratas informáticos, de acordo com a Sábado, "é recolher
as credenciais para verificar se os proprietários as usam, como é
vulgar, em diferentes sistemas. Ou seja, ao recolherem a ‘password’
utilizada para entrar numa rede social, os ‘hackers’ poderão depois
entrar diretamente no email e obter a informação que lá está guardada se
a senha utilizada for a mesma”.A
revista avança que “identificou 1.046 endereços de email terminados em
‘gov.pt’ repartidos por diversas áreas, incluindo 15 que pertenceram ao
gabinete dos ex-primeiros-ministros José Sócrates e Pedro Passos Coelho;
42 da Presidência do Conselho de Ministros; 36 do Ministério da Defesa
Nacional; 99 do Ministério dos Negócios Estrangeiros e 330 do Governo
Regional dos Açores”.Na
lista estarão também “emails e palavras-passe de nove pessoas que
trabalham no Centro de Gestão de Rede Informática do Governo (CEGER),
organismo responsável pela rede informática que serve o executivo e o
apoia nas comunicações e nos sistemas de informação”.Há
ainda dados de funcionários e titulares políticos autárquicos e
empresas como a CP – Comboios de Portugal, TAP, EDP e Rede Elétrica
Nacional.