PJ faz buscas em investigação sobre descaminho de obras de arte de João Rendeiro
BPP
22 de mar. de 2022, 17:57
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, PJ refere que neste inquérito, denominado "Operação D´Arte
Asas III" e dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação
Penal (DCIAP), foram efetuadas oito buscas - cinco domiciliárias, duas
não domiciliárias e uma a um escritório de advogado.Segundo
a PJ, os factos em investigação podem integrar a prática dos crimes de
branqueamento e de descaminho, relacionados "com fundos que se suspeita
terem sido retirados do Banco Privado Português, assim como com as obras
de arte apreendidas a João Rendeiro no âmbito de processo no qual se
encontra condenado".Estas
novas diligências - esclarece a PJ - foram ordenadas na sequência das
buscas realizadas no dia 03 de novembro passado com vista "à recolha de
prova complementar, assim como à recuperação de produto do crime".A
operação é dirigida por dois magistrados do Ministério Público, com a
coadjuvação da PJ, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção
(UNCC) desta polícia.Em
janeiro, a PJ divulgou que tinha sido recuperado na Bélgica um dos
quadros da coleção de arte do ex-banqueiro João Rendeiro dado como
descaminhado e que se encontrava exposto numa galeria de arte em
Bruxelas.“A
obra, apreendida à ordem de um processo no qual João Rendeiro se
encontra condenado numa pena de 10 anos de prisão efetiva, pela prática
dos crimes de fraude fiscal qualificada, abuso de confiança qualificado e
branqueamento, tinha sido descaminhada e vendida em março de 2021, pelo
valor de 106.250 dólares (126.274,99 euros), através de uma leiloeira
de Nova Iorque”, precisou então a PJ.Tratou-se de um inquérito onde, entre outros, se investiga o descaminho de obras de arte que se encontravam apreendidas.O
desaparecimento de 15 quadros da coleção de João Rendeiro motivou que a
mulher, Maria de Jesus Rendeiro, fosse constituída arguida num processo
ligado ao desaparecimento das obras de arte, das quais era fiel
depositária, tendo sido sujeita a prisão domiciliária com vigilância
eletrónica pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, que entendeu
existir perigo de fuga, perigo de perturbação do inquérito/investigação e
perigo de continuação da atividade criminosa.Maria de Jesus Rendeiro tinha sido detida no âmbito da operação D’Arte Asas dirigida pelo DCIAP e executada pela PJ.A
mulher de João Rendeiro era fiel depositária dos quadros arrestados ao
ex-banqueiro, considerando o tribunal que esta sabia das falsificações e
do desvio das obras.Na
altura da detenção da mulher, o antigo presidente do Banco Privado
Português (BPP) João Rendeiro, condenado no final de setembro de 2021 a
três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla
qualificada, estava ainda em parte incerta após ter fugido à justiça.Detido
em 11 de dezembro na cidade de Durban (África do Sul), após quase três
meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro foi presente ao juiz
Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, que lhe decretou no dia 17 de
dezembro a medida de coação mais gravosa, colocando-o em prisão
preventiva no estabelecimento prisional de Westville.O
ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com
o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do
banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já
transitou em julgado e não admite mais recursos, tendo João Rendeiro de
cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.João
Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e
a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas
duas sentenças ainda não transitaram em julgado.O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.