PJ espera extradição rápida para Portugal de fugitivos de Vale de Judeus detidos em Espanha
7 de fev. de 2025, 12:53
— Lusa/AO Online
Rodolfo
Lohrman, cidadão argentino de 59 anos, e Mark Roscaleer, britânico de
36, foram detidos na quinta-feira em Alicante, no sudeste de Espanha, ao
abrigo de um mandado de detenção europeu emitido por Portugal, um
instrumento jurídico que é agilizado mais rapidamente do que outros
mandados de detenção internacionais, explicou Luís Neves.O
diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), que falava em Madrid, numa
conferência de imprensa ao lado do diretor-geral da Polícia Nacional de
Espanha, Francisco Pardo Piqueras, afirmou que a expectativa é que esse
mandado de detenção europeu seja executado pelas autoridades judiciais
espanholas "num curto prazo" e que "nos próximos dias" haja uma decisão
de extradição para Portugal, apesar de ambos serem procurados pela
justiça de outros países.Os últimos dois
dos cinco evadidos da prisão de Vale de Judeus, a 7 de setembro de
2024, foram recapturados em Alicante, pela Policia Nacional de Espanha,
"depois de um persistente e ininterrupto trabalho de recolha e de troca
de informação" entre a PJ e as autoridades espanholas, anunciou a
Polícia Judiciária na quinta-feira.Luís
Neves e Francisco Pardo Piqueras explicaram que um dos detidos será já
hoje levado perante um juiz da Audiência Nacional de Espanha, em Madrid,
e que o outro será colocado à disposição da Justiça no domingo.Os
mandados de detenção europeus "normalmente são executados num curto
espaço de tempo", embora possa haver oposição dos detidos, "mas em
princípio serão extraditados"."Se não
houver oposição, ou outros factos que desconhecemos, e se for decretada a
extradição, será executada nos próximos dias", disse Luís Neves, que
explicou que será à partida um processo mais ágil do que aquele que
envolve o fugitivo recapturado em Marrocos ao abrigo de um mandado de
detenção internacional (não europeu), em outubro, que tem nacionalidade
portuguesa e permanece sob custódia das autoridades marroquinas.O
diretor nacional da PJ reconheceu que não esperava que em cinco meses,
"em tão pouco tempo", fossem recapturados todos os cinco homens que
fugiram da prisão de Vale de Judeus em setembro passado, realçando que
todos são criminosos "muito violentos".Luís
Neves considerou que foi possível recapturar os fugitivos graças a
"muito trabalho", mas também, e de forma determinante, graças à
cooperação policial internacional, sobretudo com a Polícia Nacional de
Espanha, que culminou com as duas detenções de quinta-feira em Alicante e
que foi essencial para a detenção de Fábio Loureiro em Marrocos, graças
aos contactos privilegiados entre polícias marroquina e espanhola.Segundo
informações reveladas hoje aos jornalistas pela Polícia Nacional de
Espanha, Rodolfo Lohrmann e Mark Cameron Roscaleer estavam a ser já
vigiados e foram detidos num posto de combustíveis, num momento em que
as autoridades consideraram ser seguro avançar com a recaptura,
atendendo a que existia a suspeita de andarem armados e por serem
"altamente perigosos".A PJ e a Polícia
Nacional trabalharam em cooperação desde o dia da fuga de Vale de
Judeus, por sempre ter havido a suspeita de que os fugitivos se poderiam
refugiar em Espanha.No caso dos detidos
na quinta-feira, "as investigações intensificaram-se" em 28 de janeiro e
nos dias seguintes, quando "uma vítima de ameaças de morte" fez uma
queixa às autoridades e surgiram pistas de que Rodolfo Lohrmann e Mark
Cameron estariam na zona de Alicante e Málaga.No
carro em que seguiam, a Polícia Nacional encontrou "documentação falsa
da Eslovénia, placas de matrícula falsas", 50 mil euros e duas armas de
fogo.Segundo um comunicado da Polícia
Nacional, existe a suspeita de que os dois "estavam envolvidos em
atividades delinquentes, incluindo extorsões e ajustes de contas para
uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas".Luís
Neves disse aos jornalistas que há pistas de que Rodolfo Lohrmann e
Mark Cameron Roscaleer estariam a cometer assaltos para reunir dinheiro
para irem para um país da América Latina. O
diretor da PJ reconheceu ainda que foi uma surpresa “e a cereja em cima
do bolo” saber que tinham sido detidos dois dos fugitivos de Vale de
Judeus na quinta-feira em Alicante, e não apenas um, porque as
autoridades não esperavam que permanecessem juntos, contrariando o
"isolamento total" com que este perfil de criminosos costuma atuar numa
circunstância destas e também o próprio histórico de Rodolfo Lohrman e
Mark Roscalear.