Pilotos realizam segunda-feira assembleia extraordinária para discutir ações
TAP
7 de dez. de 2020, 11:05
— Lusa/AO Online
A convocatória enviada pelo presidente da mesa
de assembleia do SPAC, e a que a Lusa teve acesso, refere que "a
assembleia de empresa dos pilotos da TAP Portugal" realizar-se-á em 07
de dezembro, "exclusivamente através de meios telemáticos", dada a
situação atual provocada pela covid-19.A
"sessão extraordinária", "por requerimento de associados", conta com um
ponto único: "Pedido de informação e esclarecimentos à direção do SPAC
sobre atuais desenvolvimentos decorrentes do plano de reestruturação da
TAP, ações em curso, estratégia desenvolvida e as ações previstas
desenvolver pela direção do SPAC".Entretanto,
tal como a Lusa noticiou no sábado, o SPAC escreveu ao Governo apelando
para que se negoceie com Bruxelas o adiamento da apresentação do Plano
de Reestruturação da TAP, denunciando que o documento está baseado em
previsões de mercado "completamente desatualizadas"."As
projeções de evolução do mercado subjacentes ao Plano datam de outubro
de 2020, e nelas não se encontram refletidas as evoluções recentes da
situação da pandemia covid-19, designadamente o impacto da descoberta
das vacinas e dos planos de vacinação que se encontram neste momento em
elaboração", escreveu o sindicato na carta enviada ao ministro das
Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, datada de 30 de
novembro, e a que a Lusa teve acesso. Este
foi um ponto que o sindicato disse que ficou claro na reunião que teve
com a administração da TAP, em 27 de novembro, com o intuito de
apresentar algumas informações sobre o futuro Plano de Reestruturação da
companhia. Este plano, elaborado pela consultora Boston Consulting
Group (BCG), no âmbito do apoio estatal de até 1.200 milhões de euros,
tem de ser entregue à Comissão Europeia até 10 de dezembro.O
SPAC considerou que o plano desenhado "é absurdamente restritivo,
implicando cortes selvagens nos quadros de pessoal de voo, justificados
por uma projeção minimalista de utilização da frota".O
sindicato já tinha informado os pilotos que o plano contempla "cortes
salariais no mínimo de 25% na TAP - Transportes Aéreos Portugueses,
S.A., com isso pretendendo conseguir uma redução anual da massa salarial
entre 230 a 352 milhões de euros” e que no mesmo processo estava
contemplado o “despedimento de 500 pilotos”.Além
disso, o SPAC interpôs uma providência cautelar a exigir que lhe seja
prestada mais informação, nomeadamente os fundamentos para
o despedimento de 500 profissionais.Na
carta enviada a Pedro Nuno Santos, o sindicato lembrou ainda que desde o
início "ficou claro que a verdadeira causa do auxílio de Estado foi,
como para o resto do setor da aviação europeu, a redução drástica da
procura induzida pela pandemia – um acontecimento extraordinário,
imprevisível e irremediável apenas com medidas de gestão internas". Assim,
sublinhou que se "as previsões da procura que estiveram na origem do
problema estão igualmente no âmago da solução – manter uma previsão
desajustadamente pessimista reforça o problema em vez de abrir caminho à
solução". Os pilotos questionaram ainda
como pode ser possível - numa conjuntura de "evolução aceleradíssima",
com o mercado que se prevê hoje a não ser o mesmo que se antevê daqui a
15 dias - "aceitar, quieto, que o destino da TAP fique amarrado ao
cenário de mercado mais negativo que já foi divulgado”.O
cenário, acrescentaram, “resultante da segunda vaga da pandemia, o
cenário antes da descoberta de vacinas e antes do conhecimento sobre os
planos de vacinação acelerados em implementação em todos os mercados em
que a TAP opera".